quarta-feira, 6 de abril de 2011

Mais uma semana!

Olá a todos,

Depois de um curto período de ausência, estou de volta e com muito para contar.

Esta foi uma semana bastante fértil , em termos de novidades, que a meu ver, são dignas de ser partilhadas.

A primeira , e mais importante, pois melhorou substancialmente a minha qualidade de vida, é que já temos TV cabo, o que me permitiu assistir ao melhor e pior da semana, tendo sido o melhor, a vitória da grande Porto na Luz, (um verdadeiro orgulho), apesar a escuridão; e o pior foi sem sombra de duvidas, a entrevista, de ontem, do nosso ainda Primeiro-Ministro, (de bradar aos Ceús).

No Sábado passado fomos, com um grupo de portugueses, a uma praia, relativamente perto, de Argel, e depois almoçamos um belo peixe grelhado, numa esplanada, mesmo muito simpática. O sitio é muito bonito, como já tiveram oportunidade de ver, através das fotografias já “postadas”.

Pois bem, posso assegurar-vos que a última coisa que me passou pela cabeça, foi vir para a Argélia e poder fazer praia, no mês de Março, e em biquíni, se o tivesse, mas confesso, que não vim preparada para tanta animação, afinal, estou num pais muçulmano…

Segundo me informaram, esta nossa façanha só foi bem sucedida porque não estamos em época balnear, caso contrário, este episódio seria pouco recomendável. Desde logo, porque as praias aqui, não são nada limpas, as pessoas deitam imenso lixo nas praias e estão sempre sobrelotadas.

Acredito que estão todos curiosos se havia senhoras em biquíni…bem, a resposta é sim, havia algumas estrangeiras com trajes de banho, ditos normais. Mas podem acordar desse belo sonho, as senhoras da Argélia, as verdadeiras, fazem praia vestidas, e de lenço, com tudo a que têm direito.

Outro fenómeno, que animou a minha vida, nestes últimos dias, é a senhora, que vem cá a casa, ajudar-me com as limpezas. É verdade, ela tem sido, ao longo desta semana, a minha maior experiência argelina, e apesar das diferenças, que são enormes, é sempre bom ter alguém por perto que fale a língua, que conheça os lugares mais baratos para comprar as coisas de casa.

Mas passando à parte divertida da coisa, as nossas diferenças… Aqui elas não usam vassoura, esfregona ou aspirador, o que desde logo me corta o coração, porque ela passa a vida de joelhos no chão a esfregar, de joelhos no chão, moral da história, eu aspiro a casa toda, antes de ela chegar, para não ter de assistir ao sacrifico do esfreganço.

Outro dos abismo que nos separa é, sem sombra de dúvidas, a comida. Sim, porque supostamente a senhora está cá, mas é para trabalhar para o senhor meu marido, pelo que eu tenho a obrigação de a deixar cozinhar, mas até agora, ainda não tive coragem, isto porque os nossos gostos não se coadunam, muito bem, com os sabores árabes, muito menos, com os quilos de gordura que colocam nos cozinhados, motivo pelo qual, tenho tentado, adiado a partilha daquele espaço fantástico, denominado de cozinha.

Reservei para o fim, o lado mais divertido da história, só para vos agarrar à narrativa. Ora hoje, como a senhora esteve muito ocupada a lavar as varandas, convidei-a para almoçar connosco, e claro está, fui eu que fiz o almoço para os três. Ainda não consegui perceber, se aceitou o convite por educação ou por receio de recusar, a verdade é que a referida senhora, fez de tudo para adiar a hora do repasto, e quando a fui chamar, respondeu-me, no francês possível, que preferia almoçar sozinha, ou na cozinha, porque não queria sentar-se à mesa com o Renato. Mais, quando ele foi embora, ela confidenciou-me que não gostava muito de falar com homens, por isso preferia dizer-lhe apenas Bom-dia e boa-tarde, e mais nada.

Em verdade vos digo, o que eu passei a adorar esta mulher, deviam ser todas assim, íntegras e apartadas.

Agora que já se levantaram do chão, onde rebolaram de tanto rir, sou obrigada a informar que não são todas assim, por isso meninas, nada de comprarem bilhete só de ida para a Argélia, hoje mesmo, o meu querido cônjuge foi perseguido, por uma sujeita que passava de carro e que muito provavelmente sonha com a Europa…Porque será que isto não me espanta?

Como neste momento, não me ocorre mais nada de importante a registar, vou deixar-vos as fantásticas pérolas desta sessão:

“Conhecemos uma nova cidade, que está a ser criada, nas proximidades de Argel. Na minha modesta opinião, a nova cidade só vai inaugurar quando os meus netos nascerem…mas pronto, tudo a seu tempo, seja no tempo de quem for... Ora, quando estávamos a regressar a casa, reparo que na berma da auto-estrada, estava um senhor, sentado no chão, balançando um pão, para chamar a atenção de quem passava. Sim, o dito senhor estava em plena auto-estrada, a tentar vender pão, o mesmo pão que expunha ao pó, fumos dos carros que passavam, e que humildemente, segurava nas suas nuas mãos…mais palavras para quê?”.

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