terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Falta pouco mais de um dia, ih,ih, ih…

 

Olá minha gente!

Desculpem, desculpem e desculpem outra vez. Sim têm toda a razão em ficar irritados comigo, mea culpa, tenho estado muito ausente do blog, e isso não tem desculpa, contudo, tem uma justificação, ainda que aliada a uma boa dose de preguiça e de ausência de novidades de monta.

Passando à justificação: O Mestrado, sim a culpa é dele, esse papão que passa a vida a sugar o tempo que eu queria dedicar a todos vós e a FOX life… Tenho tido imenso trabalho, sobretudo por não ter todo o material necessário, pois está fora de questão comprar uns cem livros por cadeira e trazê-los para a Argélia. Assim não há orçamento que aguente, e esta escassez que me obriga a passar horas a fio na internet à procura de informação; a ler milhares de páginas que afinal, não interessam para nada; escrever textos, apagar textos; fazer e refazer, vezes sem conta o mesmo trabalho…em suma, isto tem sido uma animação cansativa, mas antes isso que morrer de tédio, que nem novelo magrebino voltado para si próprio.

Continuo a dar as minhas aulinhas, das quais tenho o maior orgulho, os frutos têm chegado e fazem-me sentir muito orgulhosa em partilhar a língua mãe e alguns dos hábitos, que me fazem suspirar de saudades. Sobretudo, quando chego ao capitulo da gastronomia.

No entanto, como eu sou uma sortuda, há pouco tempo, fui convidada para um cozido à Portuguesa, daqueles com tudo a que tem direito, e pasmem-se que até couves comi, sim eu que em minha casa, sempre disse que não gostava de couves, ( Desculpa mãe, mas de agora em diante vou comer sempre as couves todas, que me puseres no prato, prometo).

Hoje, contaram-me uma história que me pareceu divertidíssima, embora não creia que os intervenientes partilhem desta minha emoção, faço a ressalva que os meus sempre me disseram que não nos devemos rir do mal dos outros, por isso, vou contar o episódio sem esboçar um único sorriso, ou pelo menos tentar.

Segundo rezam os alcoviteiros, há aí um casal de argelinos cujo marido trabalhava toda a noite, motivo que o obrigava a deixar o aconchego do lar bem como a sua esposa, ora, como esta tinha medo de ficar sozinha, recebia todas as noites a companhia fiel da sua prima. Até aqui, nada de problemático não fosse a tal prima, uma moça muito recatada que usava gilbeb, que para quem não sabe, são umas vestes todas negras, algumas nem deixam ver os olhos, com meias e luvas pretas, ou seja, nada a descoberto.

Ao que parece, o senhor já se havia queixado dos silêncios do vulto negro, mas como algumas mulheres que usam o gilbeb, não falam com os homens, o senhor não levou a peito a indelicadeza da boa da prima, que tão amiga era da sua esposa, ao ponto de lhe vir fazer companhia. Se é certo que o dito senhor compreendia isto como um gesto de dedicação, dos seus vizinhos, gente desconfiada e no mínimo intrometidos, já não podemos dizer o mesmo.

Assim, começaram a encher os ouvidos do bom homem, que se viu forçado a simular que ia trabalhar para provar à solidariedade máscula, a dignidade da digníssima esposa. Um dia, deixou a mulher e a prima em casa, para ir trabalhar, mas algum tempo depois voltou, e percebeu que quem estava com a mulher não era uma prima e muito menos usava gilbeb… As mesmas fontes revelaram que o homem virou as costas e disse que não ia sujar as mãos, pouco tempo depois a senhora foi alegadamente mandada para casa da família dela, as fontes nunca mais a viram…The end

O estranho disto tudo, é que quando eu via estas “mulheres” na rua ficava incomodada, por assistir calada a tal submissão e fundamentalismo, mas desde que ouvi esta história, nunca mais vou pensar assim, agrada-me mais pensar que lá dentro, do gilbeb, está um homem feliz e satisfeito, que acabou de dar umas facadinhas, na mulher de alguém. Sim, este é só mais um dos muitos estratagemas que uso para me manter positiva, em relação à raça humana.

Agora que leram tudo isto, sem sorrir e com muito respeito, podem soltar berros de alegria por mim, pois Quinta-feira estarei em Portugal, depois de três longos meses de exílio, e não caibo em mim de satisfação e adrenalina. Vejam bem, que o maridão tem a mala feita com as passagens em cima, ao lado da porta, desde Sábado, é o desespero meus bons amigos, é o desespero.

Todo o resto continua igual, sem grandes atribulações, com jogos de tabuleiro alguns jantares, serões e muitas saudades…

Por agora é tudo, resta-me deixar aqui os meus votos de um Santo e feliz Natal e um fantástico Ano Novo para todos, com muito amor, carinho, miminhos, caridade e solidariedade com os vossos e com todos os outros que precisarem, nesta época e durante todo o ano.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Comida? Autorizada!


Olá a todos!
Finalmente e após 27 dias de dieta forçada, a comida volta à minha vida, como o filho pródigo regressa a casa, com alguma timidez e pouco à vontade, mas devidamente autorizada.
Hoje foi dia de consulta, a médica disse que estava tudo bem e que só tenho de voltar lá, depois da quadra festiva que se avizinha.
Desculpem a ausência, mas não tenho grande coisa para contar. Por aqui só cheira a Natal quando vejo os anúncios da Popota, o que me deixa nostálgica,  pois graças ao mais que tudo, nos últimos anos o Natal começava a 1 de Novembro, data em que se fazia a árvore, se enfeitava a casa e soavam as músicas de Natal, que tantas vezes me puseram os nervos em franja. Aqui não há Pinheirinho, nem luzes, nem Pai Natal mas pelo que tenho visto, das notícias da Pátria, este meu sentimento deve estar a ser partilhado por muitos residentes do país à beira mar plantado.
Crises nostálgicas e reais, à parte, o motivo porque não há grande animação, por aqui, é simples: Estamos aqui…Para compor a festa, tem estado um tempo de porcaria, com imensa chuva, que me fez ficar durante 4 horas sem luz, uma noite destas. E por falar em chuva, também tem havido muitas inundações cá por casa, mas são de papel, com tanta coisa que me forçam a ler para as cadeiras do Mestrado.
Há dois dias, o nosso mundo tremeu, tivemos um sismo que fez o impossível:  Acordou o maridão!
Também não tenho ido ao ténis, não por preguiça, mas porque quem não come, não tem energia para gastar, tenho dito! Agora para compor o quadro, só espero que no Natal ninguém me venha dizer, que quem não come, não tem prendinhas!
Assim, o nosso divertimento tem passado, pela internet, televisão, Playstation; livros, muitas fotocópias, e  alguns jantares com os Tugas, se bem que para um deles, tive de levar a minha companheira Cerelac, mas enfim, valeu pela companhia.
Durante a convalescença também descobri, pela fonte do costume, mais alguns aspectos curiosos da cultura deste país, mas como não me lembro de todos ficam os dignos de registo:
Ao que parece, no dia daquele casamento, que a minha fonte queria que eu fosse, mas ao qual não fui, houve um jovem que viu a filha dela (da senhora da limpeza), uma piquena de 17 anos que está a acabar o secundário, e como nestas coisas não há tempo a perder, passado uns dias, foi juntamente com a mãe dele, lá a casa, pedir a miúda em casamento.
Segundo relatos da mãe da dona da mão, o pedido foi negado, não porque a miúda é que tem de escolher, não porque não conhece, nem nunca falou com o rapaz, mas sim, porque tem de acabar os estudos e a mãe prefere que ela case com um Turco, mas atenção, esta é apenas uma referencia nacional,isto  porque, segundo ela (mãe), os turcos são boas pessoas e tratam bem as mulheres, mas ainda não escolheram o bendito turco para o casório. Assim, deixo o meu apelo a todos os turcos interessados, façam filas, que a malta quer casórios.
Ainda sobre o casório, que elegantemente declinei o convite, soube uma cusquice, que não posso deixar de partilhar.
Ora, dizem as más línguas, que passado um mês de ter casado, o noivo foi fazer a peregrinação a Meca,  pelo que a agora, sua esposa ( uma jovem bastante ocidentalizada, que nunca usou lenço), tem de se vestir adequadamente, que em linguagem corrente significa, andar de hijab, ( e para nós infiéis, significa andar enrolado num lençol), caso contrário, e na melhor das hipóteses, haverá falatório, no bairro.
Neste momento, só me ocorre um pensamento: É tão bom casar com homens, que nos amam ao ponto de irem, por nós, a Meca e tudo, para que nunca tenhamos cancro de pele …
Até breve a todos desta vez, com muitas saudades…

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

As imagens, que se seguem, podem ser consideradas chocantes.


2011-11-14 11.42.27  A arma do Crime.
Olá a todos,
Se viram estas imagens, e mesmo assim continuam com coragem para continuar, a ler sem náuseas, muitos parabéns, pois são dotados de um estômago forte e saudável.
Hoje, fui à consulta e há novidades. Não sei desde quando, mas agora tenho tratamento VIP na clinica, que ultimamente, sou forçada a frequentar. Resta, apenas, saber, se isto se deve à peculiaridade da meu casa, ou ao simples facto, de me considerarem uma paciente algo psicótica e por isso, não me deixam, na mesma sala, dos restantes utentes, não vá eu decidir fazer deles espetadas.
A verdade é que chegamos à recepção de Gastroenterologia, sem consulta marcada, pois aqui funciona por ordem de chegada,  e encontramos uma sala a rebentar pelas costuras. No entanto, a recepcionista, muito atenciosa (ou aterrorizada, pela minha presença),  pediu-me para aguardar na sala da médica, pois, estava estava numa cirurgia de urgência, deu-me logo, o relatório ilustrado do meu exame, e deixou-nos ali, bem confortáveis e longe do caos, da sala de espera. Gostei tanto, até porque nunca, em Portugal, me trataram assim, mas também, foi o único lugar onde engoli um palito.
Passando, assim, ao que importa, após algum tempo de espera lá chegou a médica, que claro está, lembrava-se de todos os detalhes, desta caso sórdido,  examinou-me e disse, que estava tudo bem comigo, que tinha reagido muito bem, mas que os cuidados deveriam manter-se, pois a situação foi complicada, e que até ela temeu o pior. Deixou ainda escapar, que em situações destas o paciente, deve ficar internado, mas que confiou em mim, e eu não a desapontei, ou seja, mostrei uma grande maturidade, para alguém, que engole palitos.
Por isso, meus caros leitores amigos e amigo leitores, já posso comer filetes de peixe, carne picada, frango, purés, e beber café, desde que não seja de máquina. Claro que para um comum mortal, isto não são grandes progressos, mas para mim, foi O Momento, do dia.
Agora, tenho outra consulta daqui a 10 dias, e desta vez, vou ser atendida num dia, em que a Sr.ª Dr.ª não dá consultas, só me vai ver a mim (quando a esmola é demais, o pobre desconfia). Espero, que nessa altura, já possa comer como as pessoas, hihihi.
Tenho novos medicamentos, e estes sabem a pasta de dentes, mas já tomei piores, sim, sobretudo, nestes últimos tempos, os medicamentos têm sido amigos e companheiros inseparáveis, com enormes doses de amizade, entre nós, e muito sono à mistura.
Posso dizer-vos, também, que me sinto, ótima e sem dores, nem náuseas, nem azias, ou coisas que se lhes pareçam, por isso não fiquem preocupados, que está tudo no bom caminho.
A única coisa, que verdadeiramente, me está a dar ansias, é que tenho centenas, quase a roçar o milhar de páginas para ler do mestrado, trabalhos em atraso, participações em aula, suspensas, e não sei para que lado me devo virar. Além disto, ainda tenho os meus 3 novos alunos que estão aflitos por começar e eu aflitinha para que eles pudessem esperar. Enfim, c’est lá vie, e ainda bem, é sinal que habemus vida. 
Para já é tudo, despeço-me com a certeza de que agora já me conhecem, pelo menos por dentro.
Até já,

sábado, 12 de novembro de 2011

Algumas Fotos…

 

 

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Um dos prédios típicos de Argel; Os cortinados também são um ícone aqui da cidade.

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Desconhecidas Argelinas.

 

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Mais um dos prédios, que para serem bonitos bastava-lhes um pintura e lavar as cortinas.

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Um dos autocarros aqui do bairro.

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Marginal…

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Umas das imensas casas, que aparentemente, estão em construção, mas afinal já são mais do que habitadas.

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Um bom exemplo, de como por aqui, se utilizam parabólicas, para revestir fachadas.

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Senhora de Argel.

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Mesquita.

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Praia de Palm Beach.

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Rapaz das maçarocas assadas.

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Senhor a rezar, no campo de ténis.

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Candeeiro do restaurante, o Dono ficou um bocadinho chateado, mas valeu a pena…

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Jardin D’Essai

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Vista para o monumento dos Mártires.

 

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A árvore onde foi gravado o primeiro Tarzan, pois…afinal não foi na selva.

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Lado Francês do Jardim.

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Liana grande e gorda.

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Dia de mercado, no centro.

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Mais mercado.

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Mais um, dos muitos, belos prédios, que já agradeciam que lhe lavassem a cara.

 

Espero que tenham gostado desta pequena viagem.

Obrigada a todos os que se preocuparam e preocupam, com o meu estado de saúde. Já me sinto bem melhor, mas estas doses cavalares de medicamentos, dão cá um sono… e pelo menos até segunda. Viva as papinhas de bebé!

Até breve

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

E não é que eu não estava louca?!


Olá a todos,
Esta foi uma semana, que de forma gentil, posso denominar de antagónica. Depois de rir e fazer rir com o último post, chegou a minha vez de chorar e gritar, com dores.
Tudo aconteceu, terça-feira depois do jantar. Já há uns dias, que eu não andava muito católica, não sentia fome e tinha uma dor chata no estômago. Mas na terça, algo mudou, cá dentro, que me causou dores tão intensas, que não davam mesmo para controlar. Eu encolhia-me, torcia-me, tomava medicamentos e nada. Parecia que tinha um punhal cravado, nas entranhas, mesmo impossível, até de descrever.
Pensamos se devíamos ir para as urgências, mas  já estava tão farta de contar a história, e ouvir, em jeito de remate: “isso é da sua cabeça; foi do susto; não se vê qualquer lesão, nos exames; o palito já saiu e blá, blá blá, WhisKas saquetas”, que preferi esperar.
Então, decidimos que eu sofreria durante uma noite, a titulo de expiação, por todos os males que fiz, nesta ou noutra qualquer encarnação. Sim meus amigos, isto não é drama, tive tantas dores, que me sinto completamente expiada, acho que se tivesse morrido, depois daquela noite, entraria direitinha pela zona V.I.P do paraíso,  sem passar no purgatório.
Assim, na Quarta-feira, lá fomos nós ver a gastroenterologista.
Senhora simpática, mas desconfiada, pois quando lhe contei a história do palito, não acreditou em mim. Deve ter pensado que lhe estava a dar tanga. Então, escrevia no relatório: “ paciente engole, hipoteticamente, um palito”, e eu dizia: “desculpe não é hipoteticamente, é de certeza absoluta”. Ela só respondia sim, sim, mas nada de apagar o advérbio. Enfim, lá me esteve a ver e mal me tocou, num determinado lugar do estômago, as minhas lágrimas teimaram em saltar, o que a fez perceber, que ou eu era muito sensível, ou a coisa não estava fácil, de todo modo, o prognostico inicial, era uma úlcera no estômago.
Assim, agendou-me, para o dia seguinte, uma fibroscopia, exame que eu desconhecia,  e por isso, convenci-me que iria fazer uma endoscopia.
Mandou-me para casa, sem analgésicos e com uma única recomendação, a de não comer nada. Ora, mais uma vez, cá vim eu e as minhas dores.
Depois de mais uma noite, nada simpática, onde esgotei os pedidos às divindades que conheço, e que o Google conhece, lá fui eu, pontualmente, fazer o que eu julgava ser a endoscopia.
Chegada ao local de preparação, tirei as minhas roupas e vesti uma bata amarela com quadradinhos, touca, meias de hospital, e lá entrei para o bloco. Foi aqui que comecei a sentir alguns arrepios, o lugar parecia uma sala de morgue, ninguém me falava, só me apontavam os lugares, para onde deveria ir, até que lá me deitaram na marquesa, com cateteres nos dois braços; a ver passar um recipiente, do que parecia ser vómito`; uma senhora a limpar um objecto para me colocar, na boca, (sim a limpar, não foi a tirar da embalagem), até que por fim, alguém  diz, em árabe, algo que não percebi, ao  que a médica responde: “Não vale a pena, ela é portuguesa”, e o anestesista comenta: ”Ah Portuguesa, Amália Rodrigues…” com isto, apaguei… ( deve ter sido da surpresa por me falarem, de alguém português, que não seja o Cristiano Ronaldo ou a Linda de Suza).
Quando acordei, muito nauseada, estava no recobro, com umas 20 cabeças a olhar para mim, entre médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar, havia de tudo, então,  a médica pergunta:
-“Sente-se bem? É que engoliu, mesmo, um palito”.
E eu pensei, que grande novidade, ando a dizer isso, há 12 dias…
Nisto, mostra-me um frasquinho com o dois pedaços de palito lá dentro, e diz-me: “ Inteiro e intacto, tive de parti-lo, pois estava espetado e entalado, na saída do estômago para o intestino, pensei em chamar um cirurgião, mas fui tentando, até o partir. Assim não vai ficar com cicatrizes de operação, mas causei algumas lesões ao seu estômago”. E como se revelações não fossem, fortes o suficiente, ainda vai buscar fotos das lesões . Rapidamente, passei da náusea ao vómito.
Depois disto, foi o desfile, de perguntas, curiosidade, e risinhos, senti-me o Alien do Palito no Frasco, enquanto aquela malta, se divertia eu tremia de frio, náusea, e a dor de cabeça, de quem não comia, havia mais de dois dias.
Mas pronto, voltei logo para casa, com um batalhão de medicamentos para tomar, até segunda-feira, data da próxima consulta, não posso comer nada sólido e só devo beber água ou leite. Por isso, neste momento, ando de papo cheio de Cerelac.
Na segunda, vou fazer mais exames e ver como estão as feridas, e de certeza vão estar quase curadas.
Confesso que ontem me sentia, como se tivesse sido atropelada, por um camião cisterna, com a cisterna cheia, claro, mas hoje, depois de tomar os medicamentos, e de ter dormido, toda a noite, já me sinto bem melhor. Ai, como é bom, viver sem dor.
Neste momento, tenho à minha frente a causa de todo o mal, o Palito Maldito, que sobreviveu 12 dias dentro de mim, sem sequer perder, as pontas ou ficar mole, pondo por terra, todas as teses, de que os sucos gástricos são muito potentes, ou que nenhum corpo estranho, fica no nosso sistema digestivo, por mais de 30 horas, (ouvi isto de todos os argelinos que consultei).
Quando escrevi o último post, nunca pensei vir a passar pelo que passei, mas uma coisa não mudou, Argel aqui me tem, com o palito, mas desta vez, está dentro do frasco.
Até breve.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O que não me acontece, não acontece a mais ninguém. Tenho dito!


Olá Amiguinhos,
Estou em divida com todos vós, isto porque ainda não vim contar-vos o que se passou ontem e hoje, aqui na Argélia. Mais à frente, explicar-vos-ei os motivos da falta de noticias, mas para já, vou dar-vos a conhecer os rituais desta festa, denominada de Aid ul-Adha.
Assim, o Aïd ul-Adha,  ou Aïd du mouton ( é assim que lhe chamamos cá em casa), é o dia  celebrado, pelos muçulmanos, de todo o planeta, em memória da disposição do profeta Abrãao, em sacrificar o seu filho Ismail, conforme a vontade de Deus.
No primeiro dia, homens, mulheres e crianças vestem as melhores roupas, e realizam a salat (a oração) numa grande congregação.
Todos os muçulmanos, que possuem meios económicos, devem sacrificar carneiros como forma de lembrar o acontecimento. É condição obrigatória que o animal seja macho,( deve ser a única altura em que as fêmeas têm sorte, neste país), adulto e saudável. A carne que resulta destes sacrifícios é distribuída por familiares, vizinhos e pobres, ( dizem as más línguas, que aos pobres, só tocam as entranhas dos bichos, o que para mim era um festim, pois adoro uns belos pulmões fritos).
Indo ao que importa, nestes últimos dias, Argel ficou convertida, num gigante rebanho, não havia, rua, esquina, ou automóvel, que não tivesse um ou vários carneiros. Confesso que sempre achei os carneiros e bodes, animais enfadonhos e de ar taciturno, mas como sabia que iam ser todos degolados, a verdade é que fiquei com bastante pena dos bichinhos.
E sim, ontem foi mesmo The big Day, todas estas pobres criaturas foram degoladas em homenagem a Abraão, hoje, não se vê nem um para contar a história, e apesar de haver vários requisitos de aniquilação dos ruminantes, no que toca ao lugar da morte, não há cá modernices, qualquer lugar serve, desde o jardim do condomínio; as soleiras das portas; as próprias ruas, o que importa é consumar o ato, e deixar o sangue correr, nem que fique espalhado desde a entrada do prédio até ao elevador, como aconteceu, aqui em casa Enfim, sejam feitas as suas vontades, que a malta aguenta. Tudo para os ver felizes!
Depois deste momento de serviço público, vou finalmente contar-vos o que aconteceu, nesta ultima semana. ATENÇÃO! Os conteúdos que vão ser expostos, podem ter descrições consideradas chocantes, para os mais sensíveis, assim, muito agradeço que retirem as crianças das proximidades deste post e que não contem isto, na presença das mesmas.
Tudo remonta, às duas da manhã de Segunda-feira transacta, uma jovem imigrante portuguesa, sente uma enorme sede e por isso dirige-se ao frigorífico, pega numa garrafa de 7up, que por se encontrar no fim, a jovem decide extermina-lá de um só trago.
(Aparte)
(Dias antes, um colega do marido da emigrante, informou-os que se colocassem um palito de dentes, dentro das garrafas de bebidas gaseificadas, o dito objecto fazia com que o gás se conservasse por mais tempo. E o marido emigrante, movido por uma enorme curiosidade empírica, como é óbvio, foi testar a teoria, e introduziu, o objecto duro e pontiagudo na garrafa).
Retomando a narrativa, logo que a jovem engoliu o refrigerante, sentiu, imediatamente o objecto de pontas, entalado na garganta, ora revendo toda a sua vida em retrospectiva, cedo chegou ao momento exato, em que o palito fora colocado na garrafa, e foi aí que pensou: “Já foste!”.
Após uma grande ginástica, para engolir ou vomitar o objecto, o cenário foi o pior: o objecto entrou no aparelho digestivo.
Como o marido dormia, a única hipótese ,da portadora do objecto já identificado, foi mesmo, consultar o Dr. Google, ( sim, eu sei que foi uma péssima ideias). E o que encontrou? “As mortes mais estranhas do mundo, jovem morre por engolir um palito”; e outros comentários como: “deverá fazer uma colonoscopia.”; “tem de defecar para um recipiente e fazer análises às fezes.” ou ainda “ esperemos que não saía na horizontal”.
Já estão a imaginar o cenário negro? Mas após o choque, chegaram as dores, as idas à clínica, os sorrisos e perguntas incrédulas, daqueles a quem a história foi narrada, os raio-x; as ecografias, os medicamentos e coisa nenhuma, a madeira não é detectável, neste tipo de exames.
Assim, Argel aqui me tem com um palito, que já não deve estar cá dentro, com um resquício de dores, que já foi pior, e uma história, que só quem tem a maior lata do mundo, tem a coragem de vir para aqui contar.
E é esta mais uma das histórias da minha vida. Eu com tanto medo de bombas, quando em bom rigor, quase me deixei estourar com um palito de dentes.
Até breve.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Testamento.


Muito boa tarde a todos,
Cá estou eu, mais uma vez, para vos relatar estes meus últimos dias, que foram, certamente, os menos monótonos, da minha estadia por estas bandas.
Nestes últimos onze tive a companhia da uma prima, que num rasgo de loucura, decidiu vir fazer o turismo,possível, na Argélia.
A verdade é que a coisa não correu muito mal, pensei que iria ser pior.  Viver nesta cidade, sem carro e sem conduzir, não é tarefa, nada fácil. Mas deu para lhe mostrar alguns dos locais, de maior interesse de Argel, assim como, os hábitos e rotinas desta vida mediterrânica/portuguesa.
A Argélia tem várias belezas para visitar, desde praias, ruinas, vales, vilas muito típicas, e desertos, há uma grande diversidade de espaços e gentes, espalhadas pela vasta área do pais, no entanto, Argel não é, propriamente, a cidade mais rica e dinâmica do mundo, mas nós demos a volta à situação e conseguimos ocupar, com algumas peripécias, os nossos longos dias.
Demos várias voltas por Argel, fomos ao Monumento dos Mártires, às praias de Palm Beach, à Catedral de Nôtre Damme D’afrique; passamos na fantástica marginal e baia argelina, que bastava uma pintura, para ser um lugar belíssima. Fomos ainda, ao centro comercial, às ruas das compras, onde conseguimos um desconto de 600 dinares nuns ténis all star, que custavam 1500 dinares. Também na loja de souvenirs, tivemos direito a ofertas, deram-nos dois porta-chaves, típicos, aqui da terrinha. Vimos também o mercado de Sexta-feira de manhã, com as lojas cheias de roupas e de gentes, e esta foi a experiência mais argelina, dos dez dias de estadia. Visitamos também, ao jardim onde foi gravado o primeiro Tarzan, lugar que aprecio, especialmente, ainda por cima, porque a visita, foi de borla, graças à simpatia dos senhores porteiros, que decidiram fazer uma gentileza, aqui às meninas.
Na Sábado passado, tentamos ir às ruínas de Tipaza, que muita gente nos tem elogiado, mas que ainda não tive oportunidade de ver. Infelizmente chovia imenso e não conseguimos sair do carro, de todo modo, fiquei bem impressionada com aquela banda, e logo que tenha uma oportunidade, vou lá e trago fotos, para vos mostrar.
Durante as noites, fomos, aos restaurantes mais frequentados, pelos estrangeiros, e fomos duas vezes à discoteca Pachá, que ganha o galardão da experiência do mês.
Estávamos nós quatro, a tentar entrar na discoteca, quando um dos seguranças, me pede a identificação, para confirmar se eu era maior de 18 anos. Muito bom, para quem não sabe, fiz 18 anos há 9 anos, o que me fez engordar o Ego, e ficar, ainda, mais impossível de aturar. No entanto, este foi o momento alto da noite, uma vez que não estavam mais de 30 pessoas, pelo menos 15 eram do staff, e das restante, 7 eram portuguesas.
Devo dizer que fiquei desiludidíssima, eu não tinha esperanças, que a minha prima fosse bem impressionada com Argel, mas não a podia deixar ficar, com aquela triste imagem, pelo que, na Quinta-feira passada, os suspeitos do costume voltaram a atacar e voltaram ao local do crime. Para surpresa das surpresas, a discoteca encheu, e tinha imensas mulheres, com falta de vestidos, e cintos a servir de saias, que fumavam, bebiam e dançavam, como se o mundo lá fora não existisse, como se nunca tivessem sido forçadas a tapar os cabelos, como se vivessem numa sociedade livre.
Foi bom de ver, mas o preconceito também se nota nestes espaços, e a prova é que toda esta gente, estava a divertir-se junto das mesas, e a pista ali, vazia, um verdadeira desaproveitamento de espaço útil, só porque meteram na cabeça, das” piquenas”, que dançar na pista é coisa de rameiras. Só me ocorre uma palavra “hipocrisia”.
No meio destas pequeninas aventuras ainda tivemos tempo, para vários passeios de carro, e a pé, e duas idas ao ténis, que correu muito bem, porque a prima jogava tanto quanto eu, ou seja, coisa nenhuma, ( deixo desde já, o meu sentido obrigada, aos homens que se sacrificaram, para jogarmos a pares), hihihihi.
Bom, mas se até ontem, tudo correu com relativa tranquilidade, a coisa ontem azedou, e Argel, mostrou a verdadeira natureza, à nossa turista, justamente, no dia da partida.
Ora, o voo da prima, era ontem às 20: 10, assim, saímos de casa às 14:30, para chegar duas horas antes ao aeroporto, como convém. Após uma hora de viagem, com muito pára e arranca, lá chegamos ao destino, em tempo mais do que útil. Dirigimos-nos ao local do check-in, entregamos os documentos a um dos senhores, que olhava fixamente para o monitor do computador, quando após uns instantes de espera, me diz com a maior cara de gozo: – “A senhora, não vai poder embarcar, porque o voo foi cancelado”. Assim, a seco, sem uma explicação ou pedido de desculpas. Eu olho para ambos os funcionários, e pergunto, a sorrir, se estavam a brincar comigo, pois não podia acreditar, que tinham cancelado o voo, sem pré-aviso, e sem um pedido de desculpas. O sujeito abana com a cabeça, para me informar que não estava a brinca e entrega-me o bilhete de avião do dia seguinte. Até levei uns segundos a digerir e informação, ou seria a falta de respeito? Não sei ao certo, mas a verdade é que digeri, o que quer que tivesse cá dento, e voltei à carga.
Questionei o Senhor simpatia, sobre a possibilidade que ela viajar, ainda ontem, mas noutra companhia, a resposta que obtive, foi um seco:” -impossível”.
Mas o que me preocupou, verdadeiramente, foi que visto dela caducava ontem, e se houvesse problemas na fronteira eu não podia passar com ela, e como  não fala francês, não conseguia  relatar à policia, o que havia acontecido.
Assim, exponho a situação ao colaborador do aeroporto, que com a maior lata de mundo, me responde:“-Amanhã, o voo é só às 14:00, só tem que estar no aeroporto ao 12:00, porque não vai pedir o prolongamento do visto?”
Fiquei possuída, irada, irritada e tudo mais que acabe em “ida” e “ada”. Passei-me e só lhe disse:” –Eu? O senhor não é puro, então a culpa é vossa, que anulam o voo sem informar ninguém, e eu é que vou gastar, tempo, paciência e dinheiro, para prorrogar o visto? É que nem pensar. Este é um problema que vocês têm de resolver e não nós.”
Moral da história, pegou no passaporte e desapareceu, quando voltou disse que já tinha falado com a policia e que não havia problema, mas claro que este desabafo, não nos chegou, pelo que o fiz prometer que ele estaria ali no dia seguinte, para passar a minha prima no controle de passaportes, ele assim prometeu, e nós voltamos para casa, com a sensação, que só disse fez a promessa para me fazer sair dali, mas enganei-me, e admito-o, hoje à hora marcada lá estava o sujeito, e como prometido, lá passou a prima.
E é isto, são estas peripécias que me tiram do sério, me fazem saltar o verniz, mas me entretêm nestes relatos dos vossos estrangeiros, em terras argelinas.
Para a próxima semana, temos dois dias de festa e matança de carneiros, logo que eu assista à carnificina venho cá contar, até lá, fujam da crise económica,  que nós por cá tentaremos fintar a crise de valores.

domingo, 16 de outubro de 2011

O tempo passa…


Olá amigos,
Faz hoje sete meses que aterrei na Argélia, na bagagem trazia, muita roupa e um mundo de curiosidades, expectativas e receios. Agora, com mais de meio ano volvido, muita coisa aconteceu, várias perguntas obtiveram respostas, e as expectativas encontram-se nos lugares, onde sempre pertenceram, nos últimos lugares.
Este é um pais com algumas coisas boas, como todos os lugares têm, mas onde tudo demora uma eternidade, parece que se regem por uma contagem de tempo, só deles, onde não existe pressa, onde o amanhã é longínquo. A vida passa em câmara lenta, os negócios evoluem a passo de caracol e recheados de Insha'Allah’s.
A minha maior luta aqui, tem sido encontrar uma ocupação, e a minha formação em direito não ajuda para o efeito, uma vez que este o sistema jurídico é completamente diferente do nosso, e a legislação é, maioritariamente, árabe.
Em termos económicos, à excepção dos expatriados, por empresas estrangeiras, também não se vislumbra qualquer tipo de vantagem ou incentivo, isto porque o Salário Mínimo, ronda os $12000 dinares argelinos, por mês, menos de €120.00 euros, sim, sei que custa a acreditar, mas é verdade.
É certo que a gasolina custa cerca de 0.22 cêntimos, o litro; os bens de primeira necessidade também são muito baratos. Só a titulo de exemplo, no outro dia, por duas baguetes grandes e quatro bolos, pagamos cerca de 0.80 cêntimos. Mas no que toca, aos bens importados, como os congelados e cereais, são tão ou mais caros que em Portugal, assim como a carne e o peixe.
A senhora da limpeza, já deixou escapar, que lá em casa, só comem carne uma vez por mês, no dia em que ela recebe. Isto sim é estar em crise, e quer parecer-me que até se sentem sortudos, pois muitos há, que nem emprego têm.
É mesmo impressionante a quantidade de gente (homens) que se vê por esta Argel fora, encostados às paredes, a partilhar o café e os afectos (sim, aqui é muito frequente ver homens abraçados e de mãos dadas) , enquanto jogam gamão. Gente que vive da solidariedade da família e que não fazem mais nada, durante o dia, que não seja, ver o tempo e os transeuntes passar.
Não me ocorre, se alguma vez vos falei, do comércio que encontramos aqui, de todo o modo, se vos contei já foi há algum tempo, por isso, acho que conseguem ouvir/ler mais uma vez.
Em Argel, e não só, há milhares de lojas familiares, pequenos espaços, que fazem lembrar as nossas tabernas, que vendiam, um pouco de tudo. Mas o que há por aqui a potes, são lojas que vendem tabaco, perfumes e todos os restantes artigos de higiene e cosmética, que possam imaginar. Desde pensos higiénicos, tinta para o cabelo, cremes depilatórios, tudo se mistura nestes pequenos espaços. Algumas destas tabacarias/perfumarias ficam abertas durante 24 horas, e os homens da família, fazem turnos, para permitir que o estabelecimento permaneça aberto, durante todo o dia.
Enfim, pequenas curiosidades, bem diferentes do modo de vida aí no retângulo.
Nós por cá, vamos andando, como eles… devagar, devagarinho. O marido que trabalha das 8h00 às 20h00,( na melhor das hipóteses). E eu que espero por ele, entre séries e livros, Internet e alguma escrita.

Claro que nos entretantos, temos tido algum tempo para ver o nosso Portugal perder no futebol, a Nova Zelândia ganhar no Rugby e os avantajados do peso pesado, tudo com alegria, às vezes tristeza e muita cantoria.
Deixo-vos com uma confissão, estou com sérios receios que chegue o inverno; mesmo com o sol do verão, sempre achei este povo um bocado cinzento, sem brilho, mas sobretudo, sem sorrisos, que como muitos de vocês sabem, me fazem tanta falta. Acho que não sei viver sem rir e detesto gente carrancuda, ora, se esta gente é assim com calor e sol, como serão com chuva e frio, dever dar arrepios.
E por hoje já chega de fazer queixinhas, que eu bem sei que é muito feio, mas às vezes faz bem, obrigada, por serem o meu confessionário.
Até breve.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

De Volta...

Olá a todos,
Sejam muito bem vindos à rentrée, do Argel aqui me tens, que esteve em stand by, durante algumas semanas, mas que hoje decidi, fazer renascer das cinzas.
Como muitos sabem, estive de férias em solo luso, férias essas muito produtivas, com direito a muito sol; um casamento; o nascimento de três lindos bebés, farra com os amigos e parte da família; compras; mas mais importante que tudo, foi termos conseguido carregar baterias, para mais uma temporada, por estas bandas.
Até podia adiantar-vos, que por aqui tudo se passa com tranquilidade, não fossem as intermináveis obras, do andar de cima, que me acordam,todos os dias, religiosamente, às 8 da manhã, com a sensação de que tenho um martelo pneumático, a perfurar-me o cérebro, e o pior, é que o som é constante até às 15:00, assim como o meu mau humor. O mais estranho é, que há 4 meses, encontrei o proprietário do andar, que me garantiu, que as reconstruções, estavam quase a terminar. Se bem, que o mais provável, é que as obras tenham começado há 10 anos, e por isso, os dois anos que se seguem, funcionem como uma espécie, de trabalhos finais…
Outra das novidades é que esta semana tive uma companhia, é a esposa de um português, que veio duas semanas ver o marido, e como ele trabalha todos os dias, ela tem vindo cá para casa, de quando em vez. Ora, numa destas tardes, decidi levá-la a conhecer a Didouche Mourad, uma zona de lojas aqui de Argel. O passeio até não correu mal, mas a verdade é que a missão era fazer compras, mas voltamos para casa com menos 75 dinares no bolso, cerca de 0,75 cêntimos, valor que paguei por 8 bolos, cuja história vos contarei mais à frente.
A verdade é que entramos em todas as lojas, e mercados, mas não conseguimos encontrar nada que nos tivesse feito o clic, o que no meu caso é preocupante, mas à excepção das lojas de souvenirs, que só valem a pena, para quem quer ter uma recordação de Argel, e não para quem sonha que a Argélia, venha a ser apenas, uma recordação; não vimos nada que valesse a pena. Alturas houve, em que pensei que fosse um problema meu, mas agora tive a prova, de que não sou a única. E só me fez relembrar, porque nunca me apetece sair aqui.
Quanto à história dos bolos, é mais do mesmo, ou seja, entramos numa pastelaria para comprar bolos, eu peço 4 bolos, e o tipo coloca 8 no saco e diz-me que os 4 bolos são extra, em troca do meu nº de telemóvel. Eu reiterei o pedido de 4, e apenas 4 bolos, mas ele continuou na lengalenga, paguei 75 dinares, vim para casa com 8 bolos e ele ficou atrás do balcão, sem o Número de telefone.
Enfim, os argelinos fieis a si próprios, aqui basta ser-se mulher, não importa idade, peso, beleza, altura, inteligência ou carácter, não são esquisitos, só são estranhos. Mas o segredo é sorrir, fazemos de conta que não percebemos, que somos retardadas, e continuamos a sorrir, o máximo que pode acontecer é pensarem que somos oferecidas, mas na cabeça deles, o simples facto de sermos estrangeiras já é motivo para nos colocarem um carimbo, por isso, nem vale a pena perder tempo a pensar no assunto, as coisas e as pessoas só têm o valor que lhes damos. E eu…prefiro ser feliz.
Esta semana, fomos também a uma recepção, com cerca de 100 convidados, e foi o momento, mais simpático da semana. Estavam imensos estrangeiros, mas também, havia alguns portugueses, pelo que a festa acabou com um jogo de buzz, e boa disposição, que diga-se, faz muita falta ,por estes lados.
Ontem, o Príncipe das Arábias foi fazer jus ao pseudónimo e abandonou-me, rumo a uma cidade chamada Tamanrasset, a mais de 2000 km de Argel. Que medo! Mas felizmente, já está a caminho do lar, no mediterrâneo.
Acho que já vos contei as partes mais interessantes, da curta estadia. Mas como ainda não vos falei de uma figura icónica, aqui do blog, a Sr.ª da limpeza, cumpre informar, que ela está na azia comigo, porque me trouxe um convite, para ir a um casamento, de um primo do marido dela,( ambos personagens que desconheço), e como eu tive de declinar, ela está a amarrar o burro, mas isto passa é só dar-lhe tempo, por isso nada de pânico.
Adito apenas, que não foi por má fé ou xenofobia, que não aceitei o convite, até porque me parece uma experiência sociológica interessante, para vos vir aqui relatar, mas outras oportunidades virão, e desta vez já tinha planos.
Abreijos para todos.

domingo, 4 de setembro de 2011

Mutilada.

Um grande olá para todos,

Ontem foi um dia bem diferente do habitual, garanto-vos que nada correu como previsto, mas há dias assim, e ninguém disse que isto era fácil.

Começou pela manhã, tínhamos planos de ir à piscina, mas o tempo fintou-nos e o sol decidiu brilhar noutras paragens.

Depois deste desgosto, decidimos ir até à baixa da cidade, fazer umas compras, numa das lojas, de artigos tradicionais argelinos, acreditem ou não, estávamos nós prestes a estacionar, quando começa a chover desesperadamente, as gotas eram enormes e obstinadas em não parar de cair, ora mais um plano, que foi, literalmente, por água a baixo.

Voltamos para casa, e para compensar os desaires, decidi, dedicar-me à minha prática recente, e por vezes injusta, a culinária.

Decidi, então, fazer massa, de frango e alheira, gratinada; bem, lá fui eu, determinada, a que desta vez, os planos dessem certos, e pudéssemos carpir as mágoas, enquanto apreciávamos a nova iguaria.

E foi num dos passos de confecção, que tudo aconteceu.

Para fritar o frango, precisava de óleo, mas a garrafa estava fechada, por isso peguei numa faca e comecei a cortar, o que eu julgava ser o invólucro, da garrafa; mas a faca, que estava escorregadia, por ter estado a cortar frango, deslizou, e com toda a força, da minha mão direita, cravei o dito instrumento cortante, na mão esquerda, que estava a segurar a garrafa.

A faca entrou no músculo, por baixo do Polgar,  para os adeptos da Quirologia, foi no epicentro do monte de Vénus. Só vi sangue, como se não houvesse amanhã, e claro está, fartei-me de dizer palavras bonitas e doces, como devem calcular.

Foi tudo muito rápido. Eu só pensava, que levar pontos, na Argélia, não era de todo o meu sonho, e foi neste momento que o Sr. meu marido me pergunta: “O que é que se passa?”  Eu consciente, de que se ele visse aquele espectáculo ia cair para o lado,( isto porque estamos a falar de alguém, que não suporta ver sangue), disse-lhe que me tinha cortado, mas que era melhor não se aproximar, mas nisto lembrei-me que o frango estava a queimar no wook, não tinha como me safar desta então pedi-lhe: “ Podes vir cá  ver o frango?”, e assim, movida por um surto de extrema inteligência, optei por tapar o golpe, com nem mais, nem menos, que o pano de lavar a loiça, sim esse mesmo, aquele, que está cheio de gordura, liquido de loiça e milhares de bactérias. Foi sem dúvida, um momento de inspiração.

Para ajudar à festa, qual foi a primeira pergunta que o maridinho me fez?” Olha, o que faço a este frango?”, mesmo à homem. Ora, vejam lá, eu ali preocupada com o desmaio, do Lord, cheia de dores, a tentar estancar a sangue, com um esfregão, e ele preocupado com o frango…

Isto era motivo de despromoção, da categoria de Príncipe para Visconde, mas tal não aconteceu, porque mal viu que a coisa não estava boa, tem estado em expiação, do pecado, e agora é ele que me ajuda em tudo, eu sou só o cérebro das tarefas domésticas, por isso, está mais que perdoado.

Resumindo e concluindo, desinfectei a ferida, tenho um penso forte para ver se a carne liga, estou sempre com o braço no ar e entupida de anti-inflamatórios. Esta noite foi um calvário, tive imensas dores e apetecia-me ter braços de atarraxar, assim colocava-o, gentilmente, na mesinha de cabeceira, e dormia ser dores, nem medos que a ferida reabrisse.

E pronto, aqui fica mais uma fantástica história, do Fabuloso destina da Drina…

P-S- A parte mais estúpida desta trágica comédia, é que eu não precisava de cortar nada, bastava tirar a tampinha da garrafa, e abrir no puxador, apropriado para o efeito.Grrrrrr.

Beijinhos para todos…  

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Literalmente acabada…


Olá Amiguinhos,
Hoje fiz uma loucura, os que me conhecem sabem que desportos, não são mesmo o meu forte, mas o meu mais que tudo convenceu-me a ir bater umas bolas, e foi isso que aconteceu, com a maior falta de jeito, jamais vislumbrada, aí estivemos nós, ele corria para alcançar as bolas, que teimavam em voar, por tudo quanto era canto.
Eu  tentava concentrar-me naquelas coisas amarelo-esverdeadas que me perseguiam, batia nelas como quem tenta matar moscas, mas poucas foram, as que consegui atingir, enfim…Assassinei, verdadeiramente, a modalidade, mas deu para fazer algum exercício, e criar em mim, uma vontade inexplicável, de fazer figuras tristes ao continuar a tentar.
O Inverno, não tarda a chegar, assim, há que inovar, para substituir a praia e a piscina, como o ténis é o único passatempo colectivo que me ocorre, das duas, uma, ou aprendo e continuo a ter parceiro, ou não aprendo e faço do meu marido um Mártir, pela causa.
De todo o modo, vou manter-vos sempre informados, dos progressos feitos, ou falta deles.
Ontem, fomos jantar a um novo restaurante, em pleno coração da cidade, La Braserie des Facultés, pessoalmente, achei o lugar um pouco inóspito e lúgubre, mas a comida é boa, e o preço, não assusta, tem carta de bebidas alcoólicas e Omelette Portugaise,  pelo menos era o que dizia na carta, eu não experimentei. Só porque é bom variar, de vez em quando, recomendo-o.
O Aid, já acabou, mas pelo que sei, muitos dos argelinos tiveram 5 dias sem trabalhar, pelo que ainda estamos na fase de rescaldo, do evento.
Durante as festas tivemos a visita simpática, da Senhora da limpeza, que apareceu, sem avisar, para apresentar as crias e deixar uns bolinhos. Foi simpático da parte dela, mas o efeito surpresa é que era desnecessário, acabei por recebe-las, vestida com um pijama da sininho, que mais minúsculo, era impossível, nem faço ideia, dos estragos que causei na cabeça daquelas pequenas, e dou graças a Deus, por não se ter lembrado de trazer o filho e o marido, pois aí sim tínhamos o caldo entornado…
Até breve a todos,
Saudações árabes…

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Aid al-Fitr

 

Boa Tarde minha gente,

Neste momento, muitos de vós devem estar curiosos, com o título desta minha nova mensagem, e por isso, permito-me desde já, saciar a vossa curiosidade.

Hoje celebra-se o primeiro dia do mês Shawwal (décimo mês do calendário islâmico). O Aid al-Fitr ou “festa da ruptura”, que marca o final do jejum, do Ramadão.

A declaração do final do Ramadão, foi comunicada ontem, por volta das 21h00, e estava dependente da observação do crescente lunar. O que fez com que ontem, à noite, estivéssemos todos à espera do comunicado, feito pelos representantes do Ministério dos assuntos religiosos. Sim, é estranho, mas aqui existe.

A verdade é que até ao comunicado, ninguém sabia se os feriados seriam Terça e Quarta, ou Quarta e Quinta, isto tudo porque estes senhores são descrentes nas novas tecnologias, e é sempre melhor ver a lua com os próprios olhos, na hora, in loco; que recorrer a telescópios, mesmo que isso boicote os planos de quem precisa de saber as datas dos feriados.

No que me toca, posso garantir-lhes, que o Ramadão, podia continuar ad eternum, pois o meu ganho com os feriados é ficar cinco dias sem a minha companheira, a Senhora da Limpeza. Isto, porque o meu príncipe é um bígamo, que está casado comigo e com a empresa, logo, vai trabalhar.

Eu sei que podia ficar triste, mas isso não vai acontecer, porque faltam 8 dias para ir para Portugal, por isso vale a pena o sacrifício.

Voltando ao Aid, do pouco que sei, esta é a hora de tirar a barriguinha de misérias, as mulheres fazem muitos bolos e outra comidinha boa (na opinião deles),e a as crianças recebem roupas novas e brinquedos. Faz lembrar um pouco o nosso Natal.

Ao que parece, o melhor local para celebrar o Aid é na Argélia, só assim se justifica a vinda da família do khadafi, por estas bandas, pelo menos, espero que este seja o único motivo da vinda.

Quanto a nós, temos conseguido manter-nos optimistas, e o Ramadão chegou ao fim, sem nos ter causado grande transtorno.

Na Sexta-feira, demos um jantar cá em casa, com Portugueses e uma Alemã, e foi muito giro. Claro que não foram só rosas, eu tinha de fazer das minhas, por isso, achei que a sobremesa deveria ser Petit Gâteau. Como é do conhecimento geral, estes bolos devem ser consistentes por fora, mas o chocolate interior deve estar fondant. No caso, estavam altamente fondant, é caso para dizer, fundiram-se completamente. Mas sem stress, eu penso em tudo, e como sabia que havia possibilidade da coisa não correr, pelo melhor, fiz uma sobremesa alternativa, que estoicamente salvou a causa.

Assim, de barriguinha cheia, houve cantoria, dança e boa disposição, noite dentro.

É isto que nos vai compensando, e nos faz abstrair do lugar onde vivemos…

P.S- No Domingo, apedrejaram uma miúda numa das ruas mais movimentadas de Argel, por esta estar a passear em calções. Como podem ver animação é coisa que não nos falta…

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Hoje fiz um amigo no Supermercado…

 

Um grande Olá para todos!

Nestes últimos tempos tenho andado desaparecida, mas tenho um bom motivo, ou melhor, uma adição, o Sim 2.Trata-se um jogo de computador, algo patético, mas muito viciante.

Mas se querem saber, também não tenho grandes novidades para vos contar, à excepção, da nova amizade que acabei de fazer.

Como já estão fartos de saber, continuamos em Ramadão, e se esta época tem algumas coisas boas, há coisas que me mexem com os nervos. Coisas simples, como fazer compras, nesta época, não é tarefa fácil. Ontem, às 18:30, hora a que tentei abastecer-me, já estava tudo fechado, por isso aproveitamos a hora de almoço, para rechear o frigorifico.

Fomos então, ao Uno, um supermercado do género do nosso Modelo, mas com aspecto de Lidl.

Alguns dos artigos, da nossa lista, eram uns pratos que estávamos a precisar, mas nem só os encontrei, como eram iguais ao serviço que temos em casa, até aqui, ouro sobre azul.

Chegados à caixa para pagar, o jovem caixeiro olha para mim, com cara de urso e diz:

Jovem com cara de urso: “- Os pratos não têm código”. 

Eu:”- (Sorriso), pois não têm… "

- Deves estar à espera que eu vá buscar os códigos por ti, ( foi o que pensei, mas não disse).

(Depois de olhar uns momentos para mim, decide ir procurar os ditos códigos.)

(Volta ).

Jovem com cara de urso: “-Os Pratos são de um serviço.”

Eu: “-Não, os pratos estavam soltos, não faziam parte do serviço, até porque nós queríamos pratos de sopa e não havia.”

Jovem com cara de urso: “–  Estes pratos são de um serviço ( a cuspir as palavras).”

Eu: ”- Ok, então quero o serviço”.

Jovem com cara de urso: “- Então tem de pedir a um dos meus colegas”.

Eu: “- Eu trouxe os pratos que diz não me poder vender, agora cabe-lhe a si, ir buscar o serviço que quero comprar, por isso agradeço-lhe imenso, o favor de me ir buscar o serviço, que quero comprar.”

(O Jovem com cara de urso, a espumar, dirige-se ao local dos pratos).

(volta)

Jovem com cara de urso: “ -Afinal, não temos o serviço.”

Eu: ” –Então, quero levar os pratos”.

Jovem com cara de urso: “- Não estão para venda, não lhos posso vender”.

Eu: “- Estavam no expositor, logo, estão para venda e por isso vou leva-los”.

Jovem com cara de urso: “- Não pode ser.”

Eu: “ -Chame o seu superior, se faz favor, ou não saio daqui”.

(Jovem com cara de urso chama o superior, mas desta vez já com os olhos raiados de raiva).

( Drina a pensar: “ Que coisa feia, meu jovem, tanta raiva em pleno Ramadão, (risos interiores)).

( Chega o superior, explico toda a situação, sublinho que não saio dali sem aqueles pratos).

( Superior anda para a frente e para trás. Volvidos alguns minutos, volta com os códigos, que entrega ao Jovem com cara de urso, que por sua vez, me vende os pratos, sem sequer me dirigir o olhar).

( Drina, diz obrigada, a jovem com cara de urso, traz os pratos para casa, e viveram felizes para sempre…)

Moral da história, com meninos preguiçosos, armados em parvos e com cara de urso, se não levares a bicicleta, levas os pratos…

The End

P.S- Hoje é fim-de-semana, por isso haja alegria e contemos pacientemente os parcos dias, porém lentos, que nos faltam, para voltar a pisar solo luso…

Até breve…

sábado, 20 de agosto de 2011

Noite longas que passam sem darmos conta…


Olá a todos,
Cá estou eu, de novo, para vos dar conta de como correm os nossos dias, a meio do Ramadão.
Como já tive a oportunidade de vos explicar, esta época não é muito produtiva, em nenhum sentido, pelo que os nossos fins-de-semana, precisam de grande dose de criatividade, na companhia dos poucos sobreviventes que permanecem, nesta terra, no mês de Agosto. No entanto, e por mais que isso espante, ( pois até eu estou incrédula), temos tido uns dias bem animados e preenchidos…
Ontem, depois de um dia fantástico de piscina, fomos convidados para um jantar Luso, com iguarias da nossa terra, onde não faltaram ingredientes tão nossos, como o bacalhau, bôla de carnes, alheiras, vinho do Porto e ginjinha…
Se o jantar, só por si, já foi simpático, o que se seguiu foi simplesmente, delicioso, pois fizemos uma partidinha de Buzz, que podia ter tido um resultado mais justo, não fosse a anfitriã ser, também, proprietária do jogo, que apesar de estar, aparentemente fechado, já vinha, de origem, com os resultados do pódio atribuídos.  No mínimo curioso, não acham?
Mas piadas privadas à parte, fui uma noite muito divertida, e naqueles momentos pareceu que só existíamos nós ali, como se Portugal tivesse sido trazido para aquela sala, onde 20 quadrados era obviamente, uma menina a jogar vídeo jogo, mas ela até podia estar a fazer meia, que o importante  e alcançado, foi uma noite de rir até doer a barriga, para mais tarde recordar, nas páginas desta estadia argelina.
Hoje vai ser mais um dia de não fazer nenhum, a não ser dedicar-me ao meu novo jogo, O meu querido Sims…
Até já

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Iguaria Argelina…

 

Olá, olá,

Cá estou eu, de novo, para vos dar conta das novidades do mediterrâneo e informar-vos que estou perfeitamente recomposta, do desastre culinário, que tornei público no último post.

Para os mais atentos, asseguro-vos que apesar da ausência do pudim de ovos, que como devem calcular, faria toda a diferença,( caso tivesse vingado), a anfitriã conseguiu proporcionar aos presentes,( que por sua vez, eram mais do no meu casamento), um fantástico jantar, com comidinha boa e em quantidade suficiente para alimentar toda a tropa argelina. Mas sim, o jantar correu muito bem.  Diverti-me imenso, para além de ter sido altamente pedagógico, pois como havia convidados de imensas nacionalidades, falei todas as línguas que conhecia e inventei as que não sabia, ( espero que ninguém tenha gravado os meus diálogos linguísticos).

No dia  a seguir ao jantar, ontem portanto, para digerir o que a gula me obrigou a ingerir, fui até à praia, com as minhas personal trainers preferidas, que desta vez, foram brandas comigo e passamos bastante tempo, na piscina adequada, aos nossos tamanhos, a piscina dos pequeninos.

De uma vez que as minhas amiguinhas, também elas vão partir para férias, voltei ao meu habitat “natural”, a cozinha. Agradeço que parem de rir, imediatamente! Para os descrentes, fiquem a saber que me saí muito bem, na confecção dos bourreks argelinos, e vou deixar aqui a prova fotográfica.

Hoje, o meu príncipe, volta a casa, depois de uma longa viagem, de carro, a uma cidade que fica a mais de 600 Km de Argel.

Só para concluir. Alguns amigos perguntam-me se me arrependi de ter vindo, e a resposta que lhes dou é : “Nem por um segundo”,  é esta mesma resposta que deixo a quem nunca teve coragem de fazer a pergunta, e deixem-me apenas acrescentar, que para vir para aqui, não desisti dos meus sonhos, apenas, os reinventei…

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domingo, 14 de agosto de 2011

Desastre Culinário!

 

Boa tarde a todos,

Meus amigos, vou começar por citar um grande pensador, de nome Viriato, (que só por acaso é meu pai): “há dias de manhã, que um homem à tarde, não deve sair à noite”, que é como quem diz, mais valia ter ficado a dormir…

A trama que hoje vos reservo reza o seguinte: Era uma vez, uma jovem portuguesa, que fora levada pelo coração para Argélia, aí descobriu vários dotes, ou não, e um deles, foi a paixão forçada pela arte de cozinhar. Ora um belo dia, tendo sido amavelmente convidada para um jantar, decidiu que faria um pudim caseiro, para sobremesa, e é neste preciso instante que os problemas começam:

Problema Nº1: Não tinha a preciosa ajuda da sua Tia Maria.

Problema Nº2: Não Tinha Panela de pressão.

Problema Nº 3: Não tinha forma adequada à confecção da referida iguaria.

Problema Nº 4: Não tinha tampa para pôr na panela.

Apesar de todos estes pequenos pormenores, esta corajosa decidiu, não se deixar vencer pelas adversidades e fazer o pudim. Assim, pediu à Sr.ª da limpeza para lhe ir comprar uma forma, que esta lhe trouxe, com todo o carinho, mas sem tampa. qualquer pessoa normal teria parado por aqui, mas a jovem persistiu sem vacilar.

Depois de ter empregue, meia-hora a fazer o caramelo, que teimava em não ficar no ponto, lá conseguiu o feito, à segunda volta. Posto isto, colocou todos os ingredientes, como a tia lhe havia ensinado, e toca a pôr a forma, numa panela em banho maria; como não tinha testo, colocou um wook, para abafar o repasto.

Até aqui, tudo controlado, não fosse a panela ter demasiada água, que ao ferver iria entrar para dentro da apetitosa sobremesa, como estamos a falar de alguém muito perspicaz, logo percebeu que não podia deixar que a água lhe destruísse o sonho, pelo que sem mais demoras, retira parte da água da panela e deixa que a receita prossiga o seu curso de cozedura.

Depois de tanta luta, instala-se devidamente no sofá, para um merecido descanso, quando repentinamente, sente o odor de açúcar e metal queimado. Dirige-se rapidamente ao fogão, e sem qualquer preparação psicológica, depara-se com os seguintes salvados:

- Uma Panela queimada;

- Uma forma, novinha, com um buraco, na base;

- E um quase pudim, que infelizmente, morreu à nascença.

Com isto aprendi uma coisa, nunca mais faço pudim na Argélia, a menos que a Tia Maria, me venha cá dar uma mãozinha…

 

Aqui está a prova do crime:

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sábado, 13 de agosto de 2011

Circo e outras Palhaçadas…

 

Hello everybody,

Enquanto o meu mais que tudo, está para ali a fazer um joguinho de PES, contra alguém que deve estar do outro lado do mundo, eu aproveito, para fazer coisas úteis, como seja, manter-vos informados…

A grande novidade que vos reservei, para hoje, é o relato da nossa ida ao circo, na passada Quarta-Feira. Não sou perdida por circo, e se querem saber, apesar de ter sido muito divertido, fartei-me de sofrer, ao ver os trapezistas a andar em cordas, sem nada para os amparar, mas valeu a pena e um grande bem haja, a quem nos fez o convite.

No circo, estar na primeira fila, não é sinónimo, de posição geográfica privilegiada, senão vejam, no primeiro número, um bebé boneco fez-nos xixi para cima; estivemos a pouco mais de um metro de tigres rebeldes; cavalos anões desnorteados; crocodilos que a mim só me faziam pensar em malas e sapatos; e de uma fonte que teve a amabilidade de nos encharcar todinhos. Mas meus caros, a cereja no topo do bolo, foi sem dúvida, quando o palhaço pobre,  veio recrutar o Sr. meu marido, para lhe servir de assessor. Foi simplesmente de gritos, imaginem, aqueles que o conhecem, no meio da arena, a tocar bombo, com um guizos na cabeça, que deveria abanar ao som do tambor, uma verdadeira delicia. No entanto, justiça lhe seja feita, este homem é um verdadeiro animal de palco…

Atenção que a animação desta semana, não se ficou por aqui,  pois, ontem fomos à praia  e graças à presença incontornável, de duas expatriadinhas, que têm tanto de adoráveis como de irrequietas, hoje estou que nem posso, não há músculo que não grite, e foram-me apresentados, uns quantos, que eu desconhecia a sua existência, isto é o que dá passar os meus dias, a criar raízes no sofá, depois basta um treino ao ritmo áureo da infância, para me deixar K.O, em poucos rounds.

Pelo exposto, hoje, apesar de ser o último dia do fim-de-semana, vou ficar, mais uma vez,  pelo sofá a tentar silenciar os gemidos musculares…

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Respeito

 

Boa tarde para todos,

Não posso deixar de expressar publicamente, o meu profundo pesar sobre a situação que se está a viver, em Londres. O que estão, aqueles marginais a fazer à cidade dos meus sonhos? Sempre disse que adoraria morar na capital inglesa, é uma espécie de fetiche recalcado, tudo me atrai, pessoas altas, magras, peles brancas, cabelos claros, sardas; sotaque a transbordar glamour, pontualidade e cavalheirismo, verdadeiras raridades, que ao que parece, entraram oficialmente, em  vias de extinção.

Não consigo perceber o que se passa com esta malta pirómana, marginal e mal formada, mas de uma coisa sei, estou farta da desresponsabilização: dos direitos, liberdades e garantia lidos e exercidos de forma unilateral, sem atentar à contra-partida que lhes está inerente; não podem existir direitos sem deveres; a nossa liberdade termina quando começa a dos outros, alguém me faz o obséquio de lhes explicar isto.

Ao Sr. David Cameron só gostava de dizer, que basta de alimentar a tese dos costumes brandos, estes “meninos bandidos” precisam de levar umas palmadas bem assentes, para ver se atinam. Se não são capazes, deviam pedir uns conselhos aqui aos argelinos, que eles são, do melhor que já vi, a controlar manifestações.

Congelem as teses dos psicólogos, sociólogos, políticos, os eventuais traumas irreversíveis na personalidade dos “piquenos” vândalos; as tretas justificativas, que os peritos, em comportamentos sociais e humanos,  apelidam de “garrote social”, que comprime os pobre e inocentes adolescentes, de Londres. Estou cansada de ver imagens e nunca vi crianças nos motins, apenas vejo gente que já tem idade e corpo  bastante para ter juízo e educação. O argumento da falta de dinheiro não colhe, ser pobre não é, nem pode ser sinónimo de ser arruaceiro e criminoso, mas na minha humilde opinião, é disso que se trata, de um bando de delinquentes, com plena consciência, do que estão a fazer e que não vão ser responsabilizados pelos crimes que estão a cometer.Pobres miseráveis de espírito!

Sim desculpem, eu sei que tenho andado um bocado irritadiça, mas estas coisas mexem-me com os nervos, assim como aquilo que vos vou passar a contar:

Desde que cheguei a esta casa, há mais de 5 meses, que todos os dias acordo com as obras de meu vizinho de cima, até aqui tudo bem, é irritante, mas tem de ser, não conheço obras silenciosas, mas o que me deixa possuída, e que durante estes meses as varandas cá de casa, têm funcionado como caixote de lixo, desde beatas, garrafas de coca-cola, passando por Cd do Michel Jackson, e restos de betão e tijolos, vale tudo, menos arrancar olhos, que é aquilo que me apetece, neste momento…

Para colorir o cenário, tivemos sem água durante quase dois dias, mas como temos sempre de ver o lado bom da vida, hoje ofereceram-nos bilhetes para o circo, e apesar de eu não gostar de palhaços, circo por circo, mais vale assistir a um, que seja feito por profissionais, e esperar, com paciência de bom cristão, que melhores dias virão…

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Meu querido mês de Agosto,

Meus queridos,
Ninguém me disse que o mês de Agosto, na Argélia, ia ser fácil, pois agora estou em perfeitas condições de entender o porquê…
Hoje estou com a Azia, isto porque ontem ficamos sem água em casa, mas como temos o reservatório do cilindro, estava tudo sobre controlo. O problema foi que agora, a reserva acabou, o que simplesmente me desalinhou os chakras, pois neste momento, tenho a loiça a atrair bicharada; muito roupa para pôr a lavar; a bexiga a rebentar pelas costuras; e estou literalmente desesperada por um banho, tudo bons motivos para sorrir…
Desabafo feito, sinto-me pronta para vos contar as “aventuras pelo Ramadão”. Desde logo, quero emendar um erro grave, do meu último post, afinal o sexo não é completamente proibido, durante o Ramadão, tal como a comida e a água, também o sexo é permitido quando o sol se põe. Tenho a dizer-vos que acho muito mal, pois assim deitaram por terra, a minha tese,  de que em Maio, não nasceriam crianças, enfim… Castradores de sonhos.
Passando ao que importa, já confirmei algumas teses sobre esta época festiva, nomeadamente:
- As noites, são mesmo a loucura, se entre as 7:30 e as 21:00, parece que acordamos dentro da série, walking dead, depois das 21:00 a cidade ganha vida, toda a gente sai à rua, homens, mulheres e crianças vale tudo.
No outro dia, fui levada pelas ideias arrojadas da Lussy, para as festas do Ramadão. Confesso, que no inicio, estava um pouco apreensiva, pois só via as ruas cheias de gente; pessoal com cadeiras na mão para se sentarem e confraternizarem confortavelmente, na rua,  camisas brancas e lenços por todo o lado, conclusão: uma festa, com contornos muito pessoais destas gentes.
Mas, depois, eis que me levaram para o interior de uma grande tenda com colchões e almofadas no chão; gente nova; muito chá e uma banda que misturava a música típica, com sons electrónicos, camisas de dormir, castanholas argelinas e até bandol electrificado,  ( não percebi se tocavam sempre a mesma música, ou se era uma diferente a cada paragem, mas isso são pormenores), o que importa é que superou as minhas expectativas e pude comprovar que as danças que me haviam falado, não são mito, são uma divertida realidade. Passo a explicar, houve um momento, em que deu uma música, que eu suponho, tem poderes especiais, pois só vi uma avalanche de homens a saltar para a pista, de braços abertos, (fazia lembrar o voo do Pauleta, quando marcava golos), com um manear de anca de fazer inveja às rainhas do sambódromo brasileiro,  acompanhada de olhares e movimentos bem sensuais, uma verdadeira delicia, que com grande pena minha, nunca conseguirei ilustrar, por palavras.
Esta foi emocionante, não foi? Quanto ao resto, nada de grandes novidades, confirmo que andam todos sonâmbulos pela ruas, isto porque andam na festa até às tantas, estão com fome e sede ( pelo menos em teoria), e os que não estão fracos, fazem-se passar por fracos, por isso nunca vou conhecer a idoneidade da fraqueza.
Ontem, dei com a senhora da limpeza deitada, no chão do quarto, para apanhar a frescura dos mosaicos, ela não costuma ser preguiçosa, o que me deixa um pouco confusa.
Ainda falta muito tempo, até ao fim do Ramadão, por isso hoje fico por aqui, mas fiquem atentos, porque eu vou, mas volto.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

De volta, para assistir ao Ramadão.


Boas e quentes Tardes, pelo menos por estes lados,
Como muitos saberão, estive ausente de Argel, durante uma curtíssima e revigorante semana e por esse motivo, o blog também teve direito a um período de descanso.
Pois é, tudo o que é bom acaba depressa e esta semana passou, de modo particularmente apressado. Foi rápida mas soube muito bem. O curioso é que quando vivíamos em Portugal, nunca percebemos o quão bom é a liberdade de aproveitar os pequenos nadas, que tanta falta nos fazem.
Posto este desabafo, e melodramas à parte, cá estou eu prontinha para ficar no banco, neste período, alegadamente tão caro aos Muçulmanos, o Ramadão.
Certamente que todos vocês já ouviram falar desta espécie de Quaresma muçulmana, mas eu vou contar-vos, em traços breves, o pouco do que julgo saber sobre a temática.
Assim, o mês de Ramadão é o nono mês do calendário islâmico, em que durante 29 ou 30 dias, dependendo da lua, todos os fieis, salvo excepções determinadas, como os enfermos, crianças e grávidas, devem praticar o jejum ritual. Entenda-se jejum no sentido mais lato possível da palavra, uma vez que os crentes devem abster-se de comer, beber e fumar desde o nascer ao pôr-do-sol; as relações sexuais também são proibidas, durante todo o mês de Ramadão, assim sendo, pelas minhas contas, este ano não vão nascer crianças em Maio, adorava conseguir confirmar esta informação.
Acredito que muitos de voz, estão tão chocados quanto eu, quando descobri a existência da prática, mesmo agora, só de pensar que esta malta trabalha, ou pelo menos, vai aos empregos, sem comer e sem beber, com temperaturas que oscilam entre os 30ºC e os 40ºC, até me causa angústias, mas como eu gosto de me proteger da dor, vive em mim, uma pequena esperança, que toda a gente come e bebe, no aconchego do lar e recato dos cortinados.
Quanto os efeitos nefastos do jejum, só vos posso avançar o pouco que vejo e me contam: Desde logo, a senhora de limpeza, que anda mole, pelos cantos e diz que lhe doí a cabeça, ( a minha também tem doído mas podem estar certos, que não é do jejum); Há quem diga que durante a tarde, andam todos stressados e mortos de fome e sede, o que é motivo mais que suficiente para haver acidentes e confusões, no entanto, ainda não tive essa sensação, da minha janela, só vejo gente de cara fechada que se arrasta de forma lenta e até mole.
O meu marido, ontem chegou a casa, depois do pôr-do-sol, e portanto, hora de janta, e disse que a cidade estava deserta, as filas intermináveis, foram substituídas, pelo roncar de 3 carros que se cruzaram no seu caminho, devia ser sempre assim.
Pelo que me foi dado a saber, o jantar aqui é um verdadeiro banquete, durante todo o mês, as mulheres passam a tarde inteira a preparar o repasto, repleto de comidas, com o nível calórico das nossas Francesinhas, e quando se apanham à mesa deve ser comer e beber até rebolar. Que medo, imaginam o efeito que este ritual deve ter no organismo? Enfim…
Por último, mas um pouco menos deprimente, é o pós janta, toda a gente saí, à rua, e pasmem-se, até as mulheres. É verdade, nunca tinha visto tal fenómeno, mas na Segunda-feira às 23h30 estavam imensas mulheres, sem se fazerem acompanhar pelos maridos, aí pelas ruas, uma verdadeira loucura, que eu julgava ser mito.
A título de informação, mesmo que desnecessária, aqui em casa comemos, bebemos e fazemos tudo o que temos direito, a única coisa irritante é que os restaurantes estão quase todos fechados, o que trava um pouco a confraternização, pois como bons tugas, o nosso mundo gira em volta da mesa.
Já vos dei seca que chegue, obrigada a todos os sobrevivente que me leram até ao fim e até breve.

domingo, 17 de julho de 2011

O nosso fim de semana.

Olá a todos,
Hoje vou deixar-vos aqui uma pequena reportagem fotográfica do nosso fim-de-semana, que começou, por uma ida à piscina; passou pela visita à Basilique Notre-Dame d'Afrique; seguiu-se de um passeio pelo Jardin d'essai du Hamma e terminou com uma paragem digestiva, mas vou poupar-vos as fotografias desta última etapa, pelos motivos óbvios.

2011-07-15 16.10.06
Piscina do Hotel El Djazair
2011-07-16 15.16.19
Basilique Notre-Dame d'Afrique
2011-07-16 15.18.52
2011-07-16 16.19.15
2011-07-16 16.19.10
Jardim D’essai com vista para o museu de belas artes e o monumento Riad el Feth
2011-07-16 16.21.40
Jardins do Jardin d'Essai
2011-07-16 16.40.53
2011-07-16 16.30.44
2011-07-16 16.46.35
Árvore do Avatar
2011-07-16 16.41.30
2011-07-16 16.45.30
2011-06-11 12.55.34
Vista de Argel
2011-06-17 12.35.26
Monumento Riad el Feth

2011-06-17 12.33.23
monumento Riad el Feth

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Halál e Haram

 

Salamalecum,

Hoje, sinto-me particularmente e arabicamente inspirada.

Vou começar, por cometer uma inconfidência,  contra mim mesma, e dizer-vos que houve momentos em que ponderei deixar de escrever. Inundei-me de argumentos credíveis, para justificar o abandono do blog, tais como o risco em escrever o que me passa pela cabeça; a exposição de muitos momentos das nossas vidas e do nosso quotidiano; mas o mais importante e pesado argumento, foi sem dúvida, o de não ter mais nada de interessante para partilhar com todos vós.

Perdoem-me todos os amigos, que tantas vezes me pedem para continuar a escrever, por ter tido estes pensamentos egoístas e preguiçosos. Pois, era mesmo só disso que se tratava.

Mas ontem, aconteceu algo caricato, fomos jantar com um português, que está de partida para  a Pátria amada, e com dois familiares deste, ora, conversa puxa conversa, acabamos por perceber, que uma das pessoas presentes, acompanhava o meu blog e que por sua vez, já o havia aconselhado a algumas amigas mais curiosas, o que me deixou bastante contente e me obrigou a pensar a fundo na questão.

Este episódio fez-me perceber, que este blog, mais do que um prazer é também uma obrigação, uma obrigação, para com os meus amigos e familiares, que mesmo longe têm aqui a oportunidade de fazer parte, desta jornada, mas também, com todos os desconhecidos, que por alguma razão, querem saber mais sobre este país,tão desconhecido e curioso.

É este o meu compromisso, e vou aceitá-lo, como se de uma espécie de missão se tratasse, a missão Argélia.

Desabafos à parte, e volvendo ao titulo do post, de hoje, vou falar-vos do abate de animais à muçulmana.

Como saberão, os muçulmanos não podem comer carne de porco ,”(…)A carne do porco é expressamente proibida e descrita como imunda e impura, pois o porco vive na imundicie, dela se alimentando, pelo que o Islam proíbe tudo o que seja sujo e não higiénico(…)”, e a sua comercialização é, por isso, também ela proibida, é haram, e apesar de poderem comer outras carnes, há alguns requisitos, que devem ser respeitados para que essas carnes possam ser halál, isto é, permitidas pelo islão, e é esta parte que vos vou contar:

- O animal deve ser da categoria Halál.

-O animal deve ser abatido, de preferência, por um Muçulmano.

-O nome de Allah deve ser pronunciado no momento do abate.

-O abate deve ser feito cortando o pescoço num certo ponto, abaixo da glote e a base do pescoço, de modo que o animal tenha morte rápida. O esófago deve ser cortado juntamente com a veia jugular e a artéria carótida. A corda espinal não deve ser cortada e nem a cabeça deve ser cortada completamente.

-A faca deve estar bem afiada, para permitir, que o animal sofra o menos possível, e o bicho deve ser tratado de forma adequada e com respeito.

Sim de facto dá trabalho, mesmo nos supermercados, quando vemos um rolo de fiambre, por exemplo, lá pode ler-se a palavra, haram, pois o animal, certamente, não foi morto, segundo os ditames religiosos.

Ontem fui indagada, sobre os ritos na morte, ora, após indagar, fonte fidedigna, a nova senhora da limpeza, posso assegurar, que os mortos são sepultados em posição horizontal, e virados para meca; estão completamente nus, e embrulhados num lençol, com um nó na cabeça e outro nos pés, apenas e só. Fica aqui a deixa para um novo post, logo que tenha, mais informação, sobre o assunto.

Com isto me despeço, espero ter saciado a vossa curiosidade, sobretudo a tua Bruno.

P-s- Agora que já volta a ser possível, deixar comentários no blog, convido todos os leitores a participarem com os vossos comentários, e caso tenham dúvidas ou curiosidade deixem-nas aqui, que eu tento esclarecer-vos, junto da minha fonte.

Até já…

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Nova Senhora da limpeza.

 

Boa tarde a todos,

Mais uma vez apresento-vos o meu pedido de desculpas, pelas minhas longas ausências, mas como já tive oportunidade de vos dizer, este não é o terreno, mais fértil, para notícias constantes, mas enfim, é o que há e já é bem bom.

Passando ao motivo que me trouxe aqui, mais precisamente, a nova senhora da limpeza. Hoje, foi o segundo dia de trabalho, e tem sido uma luta, só que desta feita, uma luta produtiva. Esta é diferente da outra, desde logo, usa Hijab, isto é, anda sempre de lenço, e vestidos compridos, faz as rezas, vai à mesquita, não deixa a filha namorar sem conhecer o sujeito, nunca foi a um restaurante, e as raras vezes que vai à praia, vai completamente vestida, resumindo, uma argelina à séria.

Apresentação: Tenho três filhos, sou de total confiança, sou uma pessoa de bem, trabalho, mas o meu marido vai-me por e buscar, todos os dias, e quando tenho de fazer pequenos trajetos, a pé, caminho sempre, sem olhar para os lados…blá…blá…blá…

Drama Nº1: O aspirador, começou por dizer que nunca usaria o aspirador, no chão, nem nas varandas, só nos tapetes, ou melhor, no único tapete cá da casa, mas desta vez, fui firme e disse-lhe que a questão não era negociável, o acordo era, aspirar ou aspirar, por isso aspirou e acho que ficou fã.

Drama Nº2: A demoníaca esfregona, quando foram apresentadas, caiu o Carmo e a Trindade, não sei quantas vezes a senhora invocou Allāh, mais uma vez, expliquei-lhe como é que o monstro funcionava, e volvidos 10 minutos, já me estava a dizer que tinha de comprar uma, que era muito prática.

Quer-me parecer, que a senhora está confusa, sobre o que pensar a meu respeito, por usar vestidos curtos, tops de mangas cavas, decotes…hoje dei com ela, com um ar desconfiado, enquanto dobrava a minha roupa interior, o que me proporcionou um bom momento de bom humor, foi uma cena hilariante.

Apesar destas pequenas resistências, a convivência tem sido pacifica e é só o que me interessa.

Não tenho grande novidades, só posso dizer que está tudo bem, Argel está calminho, apesar de muito, muito quente, 30ºC à noite são temperaturas frequentes, no outro dia o termómetro do carro marcava 47ºC, até tiramos fotografia, depois coloco aqui.

Outra das novidades, é que estou a tornar-me pró, no GT5, para quem não conhece é um jogo de corridas de carros, para a PlayStation. Agora já creditam quando vos disse, que para se estar aqui e preservar a sanidade, é necessário ser criativo? Eu tenho dado largas à imaginação, e tenho sido bem sucedida…Et vive l’Algerie…

B

sábado, 2 de julho de 2011

Semana atípica.


Esta foi, de facto, uma semana atípica e bastante animada, claro está que é obrigatório ter em mente , que aqui os conceitos de diversão, são ligeiramente diferente, mas sempre criativos.

Passei grande parte da semana, a restabelecer-me daquele escaldão, que se encontra em fase de rescaldo, graças à bondade de alguma gente boa, que me forneceu os fármacos necessários , para me “apagar o fogo”, não foi fácil, mas a situação encontra-se perfeitamente controlada, apesar de , ontem, ter sido atacada por um herpe gigante, que neste momento é comodatário, de uma vasta área da minha cara.

Passando às fases divertidas, durante estes dias, formamos um coro, que teve tanto de pavoroso como de divertido, e demos cartas, nas cantorias do Karaoke. Para os mais cépticos, há provas no crime, em breve num you tube, perto de todos vós.

Além deste momento hilariante, fomos à piscina do São Jorge, que apesar de ter habitués de carácter duvidoso, é agradável e deu para passar uma tarde bem descontraída e de biquíni.

Continuando a saga, conhecemos um novo restaurante, o Tantra, o ambiente é giro; os empregados são educados ; a comida é boa, em suma, recomenda-se.

Depois deste restaurante, continuamos a excursão, rumo à Pachá, uma discoteca aqui da cidade, e meus amigos, a minha vida mudou. Lembram-se daquela conversa do decoro, das senhoras todas tapadas, sem vícios e tímidas?! Só existem de dia, à noite tudo muda, parece que competem entre elas, para conseguirem o prémio da saia mais curta; decotes, é mato. Bebem, fumam, dão beijinhos nos meninos, tudo o que têm direito. Eu, que até nem sou de intrigas, acho muito bem, gostei de ver, apesar de parecer que estavam todas vestidas para o Prom, enfim, não se pode ter tudo.

E com este relato deixo-vos, preciso digerir todas estas emoções, vão ficando por perto, que logo que tenha noticias, volto ao contacto.
P.s- Não coloquei as fotos, por uma razão muito simples, não consigo. É verdade, não sei se o problema é meu, ou dele, mas como não sou pessoa de apontar todos os males do mundo aos outros, e dado que a máquina tem sempre razão, assumo a minha ignorância, em não conseguir comentar, sem colocar fotos aqui nesta coisa... Enquanto não evoluo, façam o favor de se contentarem com os meus pobres relatos.

Até já,