domingo, 16 de outubro de 2011

O tempo passa…


Olá amigos,
Faz hoje sete meses que aterrei na Argélia, na bagagem trazia, muita roupa e um mundo de curiosidades, expectativas e receios. Agora, com mais de meio ano volvido, muita coisa aconteceu, várias perguntas obtiveram respostas, e as expectativas encontram-se nos lugares, onde sempre pertenceram, nos últimos lugares.
Este é um pais com algumas coisas boas, como todos os lugares têm, mas onde tudo demora uma eternidade, parece que se regem por uma contagem de tempo, só deles, onde não existe pressa, onde o amanhã é longínquo. A vida passa em câmara lenta, os negócios evoluem a passo de caracol e recheados de Insha'Allah’s.
A minha maior luta aqui, tem sido encontrar uma ocupação, e a minha formação em direito não ajuda para o efeito, uma vez que este o sistema jurídico é completamente diferente do nosso, e a legislação é, maioritariamente, árabe.
Em termos económicos, à excepção dos expatriados, por empresas estrangeiras, também não se vislumbra qualquer tipo de vantagem ou incentivo, isto porque o Salário Mínimo, ronda os $12000 dinares argelinos, por mês, menos de €120.00 euros, sim, sei que custa a acreditar, mas é verdade.
É certo que a gasolina custa cerca de 0.22 cêntimos, o litro; os bens de primeira necessidade também são muito baratos. Só a titulo de exemplo, no outro dia, por duas baguetes grandes e quatro bolos, pagamos cerca de 0.80 cêntimos. Mas no que toca, aos bens importados, como os congelados e cereais, são tão ou mais caros que em Portugal, assim como a carne e o peixe.
A senhora da limpeza, já deixou escapar, que lá em casa, só comem carne uma vez por mês, no dia em que ela recebe. Isto sim é estar em crise, e quer parecer-me que até se sentem sortudos, pois muitos há, que nem emprego têm.
É mesmo impressionante a quantidade de gente (homens) que se vê por esta Argel fora, encostados às paredes, a partilhar o café e os afectos (sim, aqui é muito frequente ver homens abraçados e de mãos dadas) , enquanto jogam gamão. Gente que vive da solidariedade da família e que não fazem mais nada, durante o dia, que não seja, ver o tempo e os transeuntes passar.
Não me ocorre, se alguma vez vos falei, do comércio que encontramos aqui, de todo o modo, se vos contei já foi há algum tempo, por isso, acho que conseguem ouvir/ler mais uma vez.
Em Argel, e não só, há milhares de lojas familiares, pequenos espaços, que fazem lembrar as nossas tabernas, que vendiam, um pouco de tudo. Mas o que há por aqui a potes, são lojas que vendem tabaco, perfumes e todos os restantes artigos de higiene e cosmética, que possam imaginar. Desde pensos higiénicos, tinta para o cabelo, cremes depilatórios, tudo se mistura nestes pequenos espaços. Algumas destas tabacarias/perfumarias ficam abertas durante 24 horas, e os homens da família, fazem turnos, para permitir que o estabelecimento permaneça aberto, durante todo o dia.
Enfim, pequenas curiosidades, bem diferentes do modo de vida aí no retângulo.
Nós por cá, vamos andando, como eles… devagar, devagarinho. O marido que trabalha das 8h00 às 20h00,( na melhor das hipóteses). E eu que espero por ele, entre séries e livros, Internet e alguma escrita.

Claro que nos entretantos, temos tido algum tempo para ver o nosso Portugal perder no futebol, a Nova Zelândia ganhar no Rugby e os avantajados do peso pesado, tudo com alegria, às vezes tristeza e muita cantoria.
Deixo-vos com uma confissão, estou com sérios receios que chegue o inverno; mesmo com o sol do verão, sempre achei este povo um bocado cinzento, sem brilho, mas sobretudo, sem sorrisos, que como muitos de vocês sabem, me fazem tanta falta. Acho que não sei viver sem rir e detesto gente carrancuda, ora, se esta gente é assim com calor e sol, como serão com chuva e frio, dever dar arrepios.
E por hoje já chega de fazer queixinhas, que eu bem sei que é muito feio, mas às vezes faz bem, obrigada, por serem o meu confessionário.
Até breve.

2 comentários:

  1. Pois, também a santa terrinha é formada em Direito. E pois também a santa terrinha tem o maridão engenhocas em Argel... Bjs daqui prá aí.

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