segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O que não me acontece, não acontece a mais ninguém. Tenho dito!


Olá Amiguinhos,
Estou em divida com todos vós, isto porque ainda não vim contar-vos o que se passou ontem e hoje, aqui na Argélia. Mais à frente, explicar-vos-ei os motivos da falta de noticias, mas para já, vou dar-vos a conhecer os rituais desta festa, denominada de Aid ul-Adha.
Assim, o Aïd ul-Adha,  ou Aïd du mouton ( é assim que lhe chamamos cá em casa), é o dia  celebrado, pelos muçulmanos, de todo o planeta, em memória da disposição do profeta Abrãao, em sacrificar o seu filho Ismail, conforme a vontade de Deus.
No primeiro dia, homens, mulheres e crianças vestem as melhores roupas, e realizam a salat (a oração) numa grande congregação.
Todos os muçulmanos, que possuem meios económicos, devem sacrificar carneiros como forma de lembrar o acontecimento. É condição obrigatória que o animal seja macho,( deve ser a única altura em que as fêmeas têm sorte, neste país), adulto e saudável. A carne que resulta destes sacrifícios é distribuída por familiares, vizinhos e pobres, ( dizem as más línguas, que aos pobres, só tocam as entranhas dos bichos, o que para mim era um festim, pois adoro uns belos pulmões fritos).
Indo ao que importa, nestes últimos dias, Argel ficou convertida, num gigante rebanho, não havia, rua, esquina, ou automóvel, que não tivesse um ou vários carneiros. Confesso que sempre achei os carneiros e bodes, animais enfadonhos e de ar taciturno, mas como sabia que iam ser todos degolados, a verdade é que fiquei com bastante pena dos bichinhos.
E sim, ontem foi mesmo The big Day, todas estas pobres criaturas foram degoladas em homenagem a Abraão, hoje, não se vê nem um para contar a história, e apesar de haver vários requisitos de aniquilação dos ruminantes, no que toca ao lugar da morte, não há cá modernices, qualquer lugar serve, desde o jardim do condomínio; as soleiras das portas; as próprias ruas, o que importa é consumar o ato, e deixar o sangue correr, nem que fique espalhado desde a entrada do prédio até ao elevador, como aconteceu, aqui em casa Enfim, sejam feitas as suas vontades, que a malta aguenta. Tudo para os ver felizes!
Depois deste momento de serviço público, vou finalmente contar-vos o que aconteceu, nesta ultima semana. ATENÇÃO! Os conteúdos que vão ser expostos, podem ter descrições consideradas chocantes, para os mais sensíveis, assim, muito agradeço que retirem as crianças das proximidades deste post e que não contem isto, na presença das mesmas.
Tudo remonta, às duas da manhã de Segunda-feira transacta, uma jovem imigrante portuguesa, sente uma enorme sede e por isso dirige-se ao frigorífico, pega numa garrafa de 7up, que por se encontrar no fim, a jovem decide extermina-lá de um só trago.
(Aparte)
(Dias antes, um colega do marido da emigrante, informou-os que se colocassem um palito de dentes, dentro das garrafas de bebidas gaseificadas, o dito objecto fazia com que o gás se conservasse por mais tempo. E o marido emigrante, movido por uma enorme curiosidade empírica, como é óbvio, foi testar a teoria, e introduziu, o objecto duro e pontiagudo na garrafa).
Retomando a narrativa, logo que a jovem engoliu o refrigerante, sentiu, imediatamente o objecto de pontas, entalado na garganta, ora revendo toda a sua vida em retrospectiva, cedo chegou ao momento exato, em que o palito fora colocado na garrafa, e foi aí que pensou: “Já foste!”.
Após uma grande ginástica, para engolir ou vomitar o objecto, o cenário foi o pior: o objecto entrou no aparelho digestivo.
Como o marido dormia, a única hipótese ,da portadora do objecto já identificado, foi mesmo, consultar o Dr. Google, ( sim, eu sei que foi uma péssima ideias). E o que encontrou? “As mortes mais estranhas do mundo, jovem morre por engolir um palito”; e outros comentários como: “deverá fazer uma colonoscopia.”; “tem de defecar para um recipiente e fazer análises às fezes.” ou ainda “ esperemos que não saía na horizontal”.
Já estão a imaginar o cenário negro? Mas após o choque, chegaram as dores, as idas à clínica, os sorrisos e perguntas incrédulas, daqueles a quem a história foi narrada, os raio-x; as ecografias, os medicamentos e coisa nenhuma, a madeira não é detectável, neste tipo de exames.
Assim, Argel aqui me tem com um palito, que já não deve estar cá dentro, com um resquício de dores, que já foi pior, e uma história, que só quem tem a maior lata do mundo, tem a coragem de vir para aqui contar.
E é esta mais uma das histórias da minha vida. Eu com tanto medo de bombas, quando em bom rigor, quase me deixei estourar com um palito de dentes.
Até breve.

4 comentários:

  1. Esse tal dr google não o recomendo a ninguém.
    Afinal o gás, como é que fica?

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  2. Afinal o inimigo está mesmo em casa.

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  3. Para ser sincera, quer resulte quer não, nunca mais vamos utilizar o truque, e ainda estou a pensar, se alguma vez volto a tocar num palito.

    Quanto ao inimigo, este era mesmo daqueles camuflados, nunca eu julguei que podia ser letal, pensei que era de pau ;)

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  4. Espero que esteja refeita do susto.Tudo de bom para si e todos os tugas daí (e não só). Um beijo da santa terrinha.

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