terça-feira, 17 de maio de 2011

De volta a Argel

É com extrema felicidade e a transbordar de saudades, que vos digo: Olá a todos!

Depois desta longa e penosa ausência, posso finalmente, anunciar-vos que vim para ficar, pois hoje, depois de sangue, suor e lágrimas conseguimos a tão ansiada internet.

Muita coisa aconteceu, desde o último capitulo desta saga, no Magreb.

Como é do conhecimento, de alguns de vós, fui passar uns dias à pátria amada. Ora, logo no primeiro dia da minha estadia, tive a oportunidade de provocar um quase ataque cardíaco à minha querida mãe; fiz brotar um rio de lágrimas da minha irmã; um jubilo pueril à minha amada sobrinha e um misto de incredulidade e alegria ao meu pai, e tudo isto porque aparecemos de surpresa lá em casa, onde permanecemos durante as festas da ressurreição.

Voltar a Portugal foi, sem dúvida revigorante, e um pouco estranho. A verdade é que a Argélia, primeiro estranha-se e depois entranha-se. Se é certo, que vivia bem se não estivesse aqui, também é verdade que quando começamos a tomar-lhe o jeito, depois é preciso uns dias para voltarmos ao nossos antigo ritmos.

Pode parecer estúpido, mas a verdade é que quando chegamos ao aeroporto de Madrid, sentimo-nos, como alguém que esteve em coma, durante anos, e quando acorda, está noutra era. Toda a gente nos parecia bonita e bem vestida, os prédios ultra-modernos e tivemos uma sensação de liberdade incrível, pelo simples facto de não sermos diferentes, daqueles que por nós se cruzavam.

Em suma, foi mesmo um recarregar de baterias muito agradável, sobretudo, voltamos a estar com parte da família e com alguns dos amigos, e isso é mesmo o melhor da vida…
Bem, mas se as férias foram óptimas, o regresso foi um pesadelo, a viagem nunca mais acabava, chegamos às 5 da manhã ao aeroporto, onde, depois de mais de uma hora de espera, nos disseram que não podíamos embarcar sem uma viagem de volta a Portugal. Depois de comprada a viagem de volta, e de nos terem dado o ok à partida, corremos para a porta de embarque, mas os obstáculos mal tinham começado.

Após estarmos, comodamente instalados, no avião, o comandante pediu-nos para sair e ir buscar as nossas malas pois o aparelho estava avariado e não poderia voar. Assim, e como pessoas civilizadas que somos, fomos recolher as bagagens, esperamos mais uma hora numa fila enorme, para depois nos enviarem para outra fila, de forma a possibilitar uma alternativa ao nosso voo. Mais uma vez esperamos, calmamente, para depois nos dizerem que teríamos de ir para Paris e só daí viajaríamos para Argel. Só nos restou, então, contar até 100 e esperar pelo voo da air france.

Moral da história, saímos de casa às 4 da manhã e só chegamos a Argel às 8 da noite, isto para uma viagem, que num voo directo se faz em 2 horas, foi mesmo dose, mas enfim, chegamos e mais uma vez repeti: “Argel, aqui me tens”.

Tirando este episódio tudo corre bem, na semana passada fui ver o torneio de ténis dos portugueses, e até acabei por bater umas bolas, com uma alma caridosa que tentou ensinar-me a jogar, mas que como é sabido, a única coisa que conseguiu, foi menos meia-hora no purgatório, por tudo que sofreu ao aturar-me, decididamente, não levo grande jeito para a coisa.

Também já fomos, por duas vezes, comer sushi, que diga-se de passagem, estava delicioso.

Na semana passada viajamos até Oran, uma cidade que fica a 4 horas de viagem de Argel, fizemos ida e volta, no mesmo dia, foi um dia e tantos.

Para completar a nossa vida social activa, vimos um concerto de fado, com uma fadista portuguesa, que cantou no hotel Hilton, foi um serão bastante bem passado.
Parece que já vos contei o grosso das nossas aventuras, e se querem um boa novidade, vou deixar de vos penitenciar com estes relatos gigantescos, um vez que já tenho internet, posso vir dizer “olá”, mais vezes.

Por hoje é tudo despeço-me com a pérola do costume, que hoje, a meu ver, é um bocado triste:

“O caminho, para Oran, faz-se por auto-estrada, mas nestas vias não existem estações de serviço, assim, o sucedâneo destes pontos de paragens, são barraquinhas de crianças, na grande maioria com idades, entre os 6 e os 12 anos, que vendem copos de água e outras coisas que não consegui perceber, na berma da auto estrada, mais propriamente, sentadas nos separadores de betão das bermas e que fazem a travessia de um lado para o outros da estrada, como nós atravessamos uma passadeira, verdadeiramente arrepiante”.

Sem comentários:

Enviar um comentário