quinta-feira, 4 de agosto de 2011

De volta, para assistir ao Ramadão.


Boas e quentes Tardes, pelo menos por estes lados,
Como muitos saberão, estive ausente de Argel, durante uma curtíssima e revigorante semana e por esse motivo, o blog também teve direito a um período de descanso.
Pois é, tudo o que é bom acaba depressa e esta semana passou, de modo particularmente apressado. Foi rápida mas soube muito bem. O curioso é que quando vivíamos em Portugal, nunca percebemos o quão bom é a liberdade de aproveitar os pequenos nadas, que tanta falta nos fazem.
Posto este desabafo, e melodramas à parte, cá estou eu prontinha para ficar no banco, neste período, alegadamente tão caro aos Muçulmanos, o Ramadão.
Certamente que todos vocês já ouviram falar desta espécie de Quaresma muçulmana, mas eu vou contar-vos, em traços breves, o pouco do que julgo saber sobre a temática.
Assim, o mês de Ramadão é o nono mês do calendário islâmico, em que durante 29 ou 30 dias, dependendo da lua, todos os fieis, salvo excepções determinadas, como os enfermos, crianças e grávidas, devem praticar o jejum ritual. Entenda-se jejum no sentido mais lato possível da palavra, uma vez que os crentes devem abster-se de comer, beber e fumar desde o nascer ao pôr-do-sol; as relações sexuais também são proibidas, durante todo o mês de Ramadão, assim sendo, pelas minhas contas, este ano não vão nascer crianças em Maio, adorava conseguir confirmar esta informação.
Acredito que muitos de voz, estão tão chocados quanto eu, quando descobri a existência da prática, mesmo agora, só de pensar que esta malta trabalha, ou pelo menos, vai aos empregos, sem comer e sem beber, com temperaturas que oscilam entre os 30ºC e os 40ºC, até me causa angústias, mas como eu gosto de me proteger da dor, vive em mim, uma pequena esperança, que toda a gente come e bebe, no aconchego do lar e recato dos cortinados.
Quanto os efeitos nefastos do jejum, só vos posso avançar o pouco que vejo e me contam: Desde logo, a senhora de limpeza, que anda mole, pelos cantos e diz que lhe doí a cabeça, ( a minha também tem doído mas podem estar certos, que não é do jejum); Há quem diga que durante a tarde, andam todos stressados e mortos de fome e sede, o que é motivo mais que suficiente para haver acidentes e confusões, no entanto, ainda não tive essa sensação, da minha janela, só vejo gente de cara fechada que se arrasta de forma lenta e até mole.
O meu marido, ontem chegou a casa, depois do pôr-do-sol, e portanto, hora de janta, e disse que a cidade estava deserta, as filas intermináveis, foram substituídas, pelo roncar de 3 carros que se cruzaram no seu caminho, devia ser sempre assim.
Pelo que me foi dado a saber, o jantar aqui é um verdadeiro banquete, durante todo o mês, as mulheres passam a tarde inteira a preparar o repasto, repleto de comidas, com o nível calórico das nossas Francesinhas, e quando se apanham à mesa deve ser comer e beber até rebolar. Que medo, imaginam o efeito que este ritual deve ter no organismo? Enfim…
Por último, mas um pouco menos deprimente, é o pós janta, toda a gente saí, à rua, e pasmem-se, até as mulheres. É verdade, nunca tinha visto tal fenómeno, mas na Segunda-feira às 23h30 estavam imensas mulheres, sem se fazerem acompanhar pelos maridos, aí pelas ruas, uma verdadeira loucura, que eu julgava ser mito.
A título de informação, mesmo que desnecessária, aqui em casa comemos, bebemos e fazemos tudo o que temos direito, a única coisa irritante é que os restaurantes estão quase todos fechados, o que trava um pouco a confraternização, pois como bons tugas, o nosso mundo gira em volta da mesa.
Já vos dei seca que chegue, obrigada a todos os sobrevivente que me leram até ao fim e até breve.

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