segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Meu querido mês de Agosto,

Meus queridos,
Ninguém me disse que o mês de Agosto, na Argélia, ia ser fácil, pois agora estou em perfeitas condições de entender o porquê…
Hoje estou com a Azia, isto porque ontem ficamos sem água em casa, mas como temos o reservatório do cilindro, estava tudo sobre controlo. O problema foi que agora, a reserva acabou, o que simplesmente me desalinhou os chakras, pois neste momento, tenho a loiça a atrair bicharada; muito roupa para pôr a lavar; a bexiga a rebentar pelas costuras; e estou literalmente desesperada por um banho, tudo bons motivos para sorrir…
Desabafo feito, sinto-me pronta para vos contar as “aventuras pelo Ramadão”. Desde logo, quero emendar um erro grave, do meu último post, afinal o sexo não é completamente proibido, durante o Ramadão, tal como a comida e a água, também o sexo é permitido quando o sol se põe. Tenho a dizer-vos que acho muito mal, pois assim deitaram por terra, a minha tese,  de que em Maio, não nasceriam crianças, enfim… Castradores de sonhos.
Passando ao que importa, já confirmei algumas teses sobre esta época festiva, nomeadamente:
- As noites, são mesmo a loucura, se entre as 7:30 e as 21:00, parece que acordamos dentro da série, walking dead, depois das 21:00 a cidade ganha vida, toda a gente sai à rua, homens, mulheres e crianças vale tudo.
No outro dia, fui levada pelas ideias arrojadas da Lussy, para as festas do Ramadão. Confesso, que no inicio, estava um pouco apreensiva, pois só via as ruas cheias de gente; pessoal com cadeiras na mão para se sentarem e confraternizarem confortavelmente, na rua,  camisas brancas e lenços por todo o lado, conclusão: uma festa, com contornos muito pessoais destas gentes.
Mas, depois, eis que me levaram para o interior de uma grande tenda com colchões e almofadas no chão; gente nova; muito chá e uma banda que misturava a música típica, com sons electrónicos, camisas de dormir, castanholas argelinas e até bandol electrificado,  ( não percebi se tocavam sempre a mesma música, ou se era uma diferente a cada paragem, mas isso são pormenores), o que importa é que superou as minhas expectativas e pude comprovar que as danças que me haviam falado, não são mito, são uma divertida realidade. Passo a explicar, houve um momento, em que deu uma música, que eu suponho, tem poderes especiais, pois só vi uma avalanche de homens a saltar para a pista, de braços abertos, (fazia lembrar o voo do Pauleta, quando marcava golos), com um manear de anca de fazer inveja às rainhas do sambódromo brasileiro,  acompanhada de olhares e movimentos bem sensuais, uma verdadeira delicia, que com grande pena minha, nunca conseguirei ilustrar, por palavras.
Esta foi emocionante, não foi? Quanto ao resto, nada de grandes novidades, confirmo que andam todos sonâmbulos pela ruas, isto porque andam na festa até às tantas, estão com fome e sede ( pelo menos em teoria), e os que não estão fracos, fazem-se passar por fracos, por isso nunca vou conhecer a idoneidade da fraqueza.
Ontem, dei com a senhora da limpeza deitada, no chão do quarto, para apanhar a frescura dos mosaicos, ela não costuma ser preguiçosa, o que me deixa um pouco confusa.
Ainda falta muito tempo, até ao fim do Ramadão, por isso hoje fico por aqui, mas fiquem atentos, porque eu vou, mas volto.

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